Caracterização imunológica da apirase de batata e indução de anticorpos IgE por epitopos compartilhados entre as SmATPDases de Schistosoma mansoni e a apirase de Solanum tuberosum

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Gusmão, Michélia Antônia do Nascimento lattes
Orientador(a): Pinto, Priscila de Faria lattes
Banca de defesa: Marques, Marcos José lattes, Malaquias, Luiz Cosme Cotta lattes, Pereira Júnior, Olavo dos Santos lattes, Castro, Juciane Maria de Andrade lattes, Caldas, Ivo Santana lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas: Imunologia e Doenças Infecto-Parasitárias/Genética e Biotecnologia
Departamento: ICB – Instituto de Ciências Biológicas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
IgE
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/5671
Resumo: A esquistossomose é uma doença tropical negligenciada que acomete milhões de pessoas no mundo. A falta de vacina para essa doença helmíntica impulsiona a busca por moléculas antigênicas oriundas dos parasitos do gênero Schistosoma. Dentre as moléculas consideradas como promissoras, se encontra a ATP difosfohidrolase de Schistosoma mansoni. O parasito possui duas isoformas de desta enzima que são denominadas SmATPDases e são expressas em todos as fases do ciclo de vida deste helminto. A apirase de batata é uma proteína vegetal pertencente à mesma família de enzimas do parasito, compartilha epitopos com as isoformas de SmATPDases. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi realizar a caracterização imunológica da apirase de batata em modelo de infecção murina experimental com base nessa homologia protéica. A proteína vegetal foi inoculada em camundongos C57BL/6 que posteriormente foram infectados com cercárias de S. mansoni. A proteína vegetal induziu níveis significativos de anticorpos IgG e IgG1 após a imunização, os quais se mantiveram elevados na análise 60 dias após a infecção. A cultura de esplenócitos dos animais imunizados respondeu ao estímulo com a proteína vegetal, induzindo a produção de níveis significativos de IFN-γ, IL-10 e IL-5, mas não de IL-13. O processo de imunização não conferiu proteção, sendo incapaz de promover a redução da carga parasitária. O efeito imunomodulador da imunização foi observado através de uma redução da área afetada pela reação granulomatosa hepática nos animais imunizados. Em relação à ligação de anticorpos IgE, a apirase de batata mostrou reatividade significativa com estes anticorpos presentes em amostras do plasma de pacientes com esquistossomose. Em ensaios de Western blotting, os anticorpos IgE foram capazes de reconhecer três proteínas presentes no homogeneizado de vermes adultos do helminto, com 91, 63 e 55 kDa. Foi possível inferir que todas as bandas reveladas correspondem a isoformas de SmAPTDases com distintos processamentos pós-tradução, tais como glicosilação e proteólise. Comprovando esta reatividade, foi possível verificar que a imunização dos animais (C57BL/6) com a proteína vegetal foi capaz de induzir a produção significativa de anticorpos IgE detectáveis em técnicas de ELISA e Western blotting. Como a apirase de batata possui identidade com a NTPDase 1 (CD39) de mamíferos sugerimos que os pacientes possuam anticorpos naturais contra NTPDases envolvidos na manutenção da homeostase do organismo. O conjunto de dados obtidos mostra que a apirase de batata possui um perfil imunoregulatório na esquistossomose, podendo contribuir para a redução da morbidade, induzindo a produção de anticorpos IgE, tidos como protetores na esquistossomose.