Obesidade e esofagite eosinofílica: caracterização imunopatológica e efeito do tratamento com cromoglicato de sódio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Ambrósio, Marcilene Gomes Evangelista lattes
Orientador(a): Ferreira, Ana Paula lattes
Banca de defesa: Lima, Isabel Vieira de Assis lattes, Canto, Fábio Barrozo do lattes, Andreazzi, Ana Eliza lattes, Macedo, Gilson Costa lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/10190
Resumo: A esofagite eosinofílica (EoE) é uma doença inflamatória crônica que apresenta sintomas clínicos como disfagia, vômitos, impactação alimentar, dor retroesternal e epigástrica. Na EoE a resposta imune é caracterizada por níveis séricos elevados de IgE antígeno-específica e uma resposta imune de perfil Th2, com aumento das citocinas IL-4 e IL-5. É uma patologia de difícil diagnóstico e tratamento. Sua prevalência vem aumentando significativamente nas últimas décadas em todo o mundo. Dentre os vários fatores que podem estar contribuindo para esse aumento estão mudanças no estilo de vida, principalmente quando relacionado a hábitos alimentares e sedentarismo. Relacionado a isso, está a obesidade que é uma doença inflamatória crônica e sistêmica, caracterizada por níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias. Acreditase que esta inflamação participe da etiologia de várias doenças autoimunes e alérgicas. No entanto, não existe ainda na literatura estudos com o objetivo de avaliar se a obesidade tem alguma influência no desenvolvimento ou agravamento da inflamação eosinofílica da EoE. Por isso o presente estudo teve por objetivo avaliar a influência da obesidade e o efeito do tratamento com cromoglicato de sódio (CG), sobre a resposta imune na EoE. Para isso foi utilizado camundongos machos BALB/c, nos quais foi induzida a obesidade por dieta hiperlipídica, por dez semanas e houve também, a indução do modelo de EoE, que ocorreu pela administração subcutânea e desafios orais com ovalbumina (OVA). O tratamento com CG foi concomitante ao protocolo de indução da alergia. A dieta hiperlipídica promoveu aumento da massa corporal, acúmulo de gordura perigonadal, além do aumento da glicemia de jejum, triglicerídeos (TG), colesterol total (Col), colesterol-HDL (lipoproteína de alta densidade - HDL-C) e colesterol-LDL (lipoproteína de baixa densidade - LDL-C), TNF-α e leptina. A obesidade promoveu, nos animais desse grupo, um maior aumento de mastócitos, eosinófilos e remodelamento tecidual acompanhado de maior expressão de RNAm de TSLP, menor expressão dos RNAm de Foxp3 e IL-10, após os desafios com a OVA, quando comparado ao grupo alérgico magro. Esse acúmulo de células no tecido esofágico foi associado a um maior número de linfócitos Th2, DCs CD11c+MHChiCD80+, em ambos órgãos linfoides periféricos. Em contraste, houve redução no número de DCs CD11c+MHChi+PDL1+ e linfócitos B CD19+CD40+, no baço. Os níveis de IgE antígeno-específica estavam reduzidos nos animais obesos alérgicos comparados aos alérgicos magros. Os animais obesos, apresentaram aumento de mastócitos e eosinófilos independente da indução da alergia. O tratamento com CG, reduziu o número de mastócitos, eosinófilos e o remodelamento tecidual. Também induziu o aumento de células T regulatórias CD3+CD4+CD25+Foxp3+ em ambos órgãos linfoides e aumentou a expressão do RNAm de IL-10 no tecido esofágico. Dessa forma, a obesidade aumentou o risco de desenvolvimento e agravamento da EoE, mediado pelo desequilíbrio entres os mecanismos regulatórios e efetores. Esses dados fornecem um novo conhecimento sobre outro fator de risco para EoE, contribuindo para futuras estratégias de tratamento em subgrupos de pacientes específicos. Reforçando também, o efeito protetor do cromoglicato de sódio, que poderia ser utilizado como mais uma abordagem terapêutica na prevenção e tratamento da EoE.