Ecologia comportamental e de interações: vespas sociais e suas colônias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Barbosa, Bruno Corrêa lattes
Orientador(a): Prezoto, Fábio lattes
Banca de defesa: Menini Neto, Luiz lattes, Melo, Diego Rodrigues, Alves, Luis Henrique Soares, Castro, Mariana Monteiro de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós Graduação em Biodiversidade e Conservação da Natureza
Departamento: ICB – Instituto de Ciências Biológicas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/12682
Resumo: A seleção dos locais de nidificação pelas vespas sociais é influenciada por dois tipos de pressão seletiva: fatores abióticos e de predação, entretanto, nos últimos anos, as vespas sociais vêm “preferindo” em uma parcela maior plantas exóticas como substrato de nidificação. Os inimigos naturais atuam nessa seleção, atraídos principalmente pelos recursos disponibilizados pelas colônias, e consequentemente causam sua ruína, o inquilinismo em ninhos de vespas sociais, por sua vez, é pouco conhecido e documentado. Assim, este trabalho objetivou entender a escolha das vespas sociais em utilizarem mais as plantas exóticas como substrato de nidificação, e através das ferramentas de redes de interação compreender a relação entre vespas e inimigos naturais e vespas e inquilinos. Para o primeiro objetivo, colônias de vespas sociais foram coletadas em plantas nativas e exóticas no período de 2011 a 2017 e avaliadas três características: “Folhas Largas”, “Folhas Perenes” e “Presença/Ausência de Tricomas”, além de 36 meses de observações em Dracaena fragrans a fim de registrar o número de colônias durante cada fase do seu ciclo e em cada época do ano. Por fim, foram realizadas coletas com guarda-chuva entomológico em espécimes de D. fragrans, como exemplar exótico, e em Portea petropolitana, como exemplar nativo. Para o segundo e terceiro objetivo foram coletadas colônias ativas e abandonadas, aleatoriamente, entre 2016 e 2018 em fragmentos urbanos e de mata secundária de sete cidades do Brasil. Todas as colônias foram vistoriadas, armazenadas em recipientes plásticos cobertos por tecido de voil e mantidas em laboratório, os indivíduos adultos foram vistoriados a fim de verificar a presença de ectoparasitos. Após os 30 dias, foi verificada a emergência/presença de artrópodes e os recipientes foram abertos para uma nova vistoria. Para comparar as redes de vespas-inimigos e vespas-inquilinos utilizamos as seguintes métricas: conectância (C), assimetria da rede (W), aninhamento (NODF), especialização (H2´) e robustez (R) e grau médio (G). Um total de 53 espécies de plantas foram registradas, sendo 32 espécies exóticas com 245 colônias e 21 espécies nativas com 50 colônias. As características importantes para nidificação na sua maioria foram similares, entretanto, a presença de tricomas foi superior em plantas nativas. O ciclo de vida da D. fragrans foi similar ao das plantas nativas, não explicando a preferência das vespas. Foram coletados 336 indivíduos com o guarda-chuva entomológico, na sua maioria representados pela família Formicidae. As guildas de predadores, herbívoros e onívoros foram representadas uniformemente. De 44 colônias avaliadas, 24 apresentaram algum inimigo natural, sendo 11 espécies de vespas e 14 espécies de inimigos naturais. Em geral, os resultados obtidos mostram que as interações entre vespas e inimigos naturais tendem a ser assimétricas e apresentar baixa especialização e os dois lados da rede indicam dados robustos. Durante a coleta e vistoria das colônias e ninhos, foi possível registrar sete novos registros de interações entre inimigos naturais e vespas sociais: Elasmus polistis, Entedoninae, Eupelminae, Megaselia scalari, Melaloncha sp., Mirothrips arbiter e Leptus sp. Em relação ao inquilinos, das 88 colônias coletadas, 49 apresentaram algum inquilino associado: 15 em colônias ativas e 34 em abandonadas, sendo 19 espécies de vespas sociais e 31 espécies de inquilinos. Nas métricas de redes os resultados obtidos mostram que as interações entre vespas e inquilinos tendem a ser assimétricas, para mais inquilinos e apresentar baixa especialização e resultados robustos. Tendo em vista que cada espécie registrada desempenha um papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas e que o ambiente natural vem sofrendo sérias ameaças, podemos dizer, como base nos dados desse trabalho que, além do seu reconhecido papel ecológico, as vespas sociais podem ser apontadas indiretamente como importantes mantenedoras de uma gama de outras espécies.