Entre o Cristo e o trágico – gênese cristã e Tέλος trágico no pensamento de Albert Camus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Lins, Rafael de Castro lattes
Orientador(a): Cabral, Jimmy Sudário lattes
Banca de defesa: Simões, Maria Cecília dos Santos Ribeiro lattes, Almeida, Edson Fernando de lattes, Bezerra, Cicero Cunha lattes, Lopes, Marcio Cappelli Alo lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2022/00051
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/14472
Resumo: A pesquisa direciona-se, inicialmente, à apresentação de uma dissertação sobre o cristianismo, ensaiada pelo jovem Albert Camus, intitulada Metafísica Cristã e Neoplatonismo. A tese interpreta a obra como uma das primeiras fontes da tradição cristã assimilada por Camus, ademais, a pesquisa procura demonstrar como temas dessa dissertação de juventude hão de ressurgir pontualmente na obra madura do escritor franco-argelino, especialmente no romance O Estrangeiro. Com o fito de acompanhar os ecos temáticos da Metafisica Cristã e Neoplatonismo na obra de maturidade de Albert Camus, tendo como destaque sobretudo O Estrangeiro, sublinhou-se dois temas dissertados pelo jovem Camus: o pessimismo evangélico e o conceito de trágico moderno. Propomos que os dois temas foram determinantes na leitura acadêmica dos evangelhos canônicos, realizada outrora pelo ainda jovem Camus. A partir da articulação entre o pessimismo evangélico e o conceito de trágico moderno, a pesquisa apresentou uma leitura teórica da evolução do pensamento trágico na Modernidade e, ao cabo, destacou a presença receptiva da tradição trágica na literatura camusiana, com ênfase frequente no romance O Estrangeiro. Dessa forma, o pensamento trágico, que marcou a composição da obra camusiana, fora apresentado sob a perspectiva reveladora da indissolúvel contradição trágica entre homem e mundo. Essa leitura do pensamento trágico, em termos de recepção camusiana, revelou-se sob a forma de um estranhamento essencial, literariamente retratado pela imagem da irreversível condição de estrangeiro do homem no mundo. Assim, a pesquisa pode acrescentar solidez à premissa de que a criação literária de Albert Camus o revela herdeiro da tradição trágica. Nesse sentido, o tema da outridade, apontado como parte fundante do pensamento trágico, tornou-se elementar para compreender a persona literária do estrangeiro. Partícipe das duas tradições delimitadas pela pesquisa, o tema da outridade ainda seguiu desdobrando-se pelo arrazoado, lançando luz sobre a recepção camusiana da tradição cristã, tal como da tradição do pensamento trágico. A pesquisa se encerra com a descoberta de um projeto existencial vislumbrado por Albert Camus e reconhecível no entrementes da análise de O Estrangeiro. Suma-se tal projeto no vislumbre camusiano de uma proposição que se centra na necessidade do homem habituar-se a este mundo irremediavelmente trágico. Por fim, além de reconhecer e deslindar uma das gêneses cristãs da literatura camusiana, esta pesquisa também revelou parte deste horizonte teleológico cerradamente trágico que compõe o pensamento de Albert Camus.