O Clube dos Jornalistas Espíritas de São Paulo: esfera pública, imprensa e espiritismo (1948 - 1970)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Fonseca, Graryelle de Carvalho lattes
Orientador(a): Silveira, Emerson José Sena da lattes
Banca de defesa: Camurça, Marcelo Ayres lattes, Coelho, Humberto, Bahia, Joana D’Arc do Valle, Araújo Junior, Péricles Morais de Andrade
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2023/00024
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/15478
Resumo: Estudos sobre a doutrina espírita, codificada por Allan Kardec em 1857, têm abordado a atuação da religião na política, intelectualidade, obras publicadas, esfera pública, e a estrutura dos centros espíritas no campo brasileiro. A presente tese investigou a conexão entre imprensa, religião e esfera pública, com ênfase no espiritismo. Enquanto objeto de pesquisa foi o Clube dos Jornalistas Espíritas de São Paulo (1948-1970), liderado por José Herculano Pires (1914- 1979). Nesta tese de doutorado, parte-se de métodos qualitativos (análise do discurso, pesquisa documental e bibliográfica) a fim de compreender o percurso de construção de legitimidade no campo religioso e social. Desta maneira, a questão central busca compreender como debates da esfera pública interferiram no processo de manutenção da doutrina e nas relações com a sociedade civil. Conclui-se que a profissão de jornalista foi um facilitador para a demarcação de espaço no âmbito da doutrina e construção de legitimidade. O contexto democrático e de abertura sindical da época possibilitou um posicionamento crítico e defensivo em relação à doutrina. Além disso, a cidade de São Paulo demonstrou-se como uma expansão doutrinária competitiva em relação ao espiritismo no Rio de Janeiro. Portanto, a tese central desse trabalho é: o Clube dos Jornalistas Espíritas de São Paulo foi fundado por José Herculano Pires, devido à sua atuação político-social e como profissional da imprensa comercial. Este ator considerava a imprensa como fonte de legitimação discursiva, diante de um contexto de perseguição sanitarista oriundo da criminalização das práticas espirituais desde o Código Penal de 1890 (influenciado por membros da imprensa, judiciário, medicina e religião) e sua respectiva atualização (Decreto 5.156/1904). Com posicionamento imponente tanto no interior do espiritismo quanto na sociedade civil, o Clube atuou em disputas, críticas e construção de pautas tanto sociais (comunismo, educação e participação partidária) quanto religiosas (tal como, umbanda e catolicismo). Devido ao momento de profissionalização do jornalismo, havia uma distinção de entre jornalistas espíritas amadores (imprensa espírita) e jornalistas espíritas profissionais (imprensa comercial / leiga). Neste sentido, havia clareza e consciência a respeito da importância da produção da mensagem e da informação tanto na consolidação de formas de pensamento e quanto na recepção da mensagem. Com o declínio do Clube, após o uso da sede por um membro para ocultar joias, Herculano continuou atuando em prol do espiritismo (e da imprensa espírita) até a sua morte, em 1979.