Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Almeida, Simone Aparecida de
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Orientador(a): |
Fonseca, Aline Alves
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Banca de defesa: |
Leite, Camila Tavares
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Teixeira, Luciana
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
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Departamento: |
Faculdade de Letras
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/6956
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Resumo: |
O presente trabalho buscou investigar a produção e a percepção dos sinais de pontuação na leitura em voz alta e sua influência na compreensão de textos. Para essa pesquisa, consideramos relevantes a hipótese de que sinais de pontuação seriam marcadores prosódicos gráficos da escrita (CAGLIARI,1989) que facilitariam a compreensão do texto; a teoria da Fonologia Prosódica de Nespor e Vogel (1986/2007) de que temos uma organização prosódica mental da fala e a Hipótese da Prosódia Implícita de Janet Fodor (2002), segundo a qual uma prosódia implícita da organização da fala se projeta na leitura. Os objetivos gerais foram investigar: (i) se a ausência de marcas gráficas influencia a leitura em voz alta e a compreensão do texto (ii) se durante a escuta de um texto gravado, o participante percebe as variações melódicas do estímulo e correlacionaas com as marcações gráficas convencionais de pontuação; (iii) se há uma relação entre a organização prosódica percebida durante a escuta, organização prosódica marcada na escrita e a compreensão do texto. As hipóteses que norteiam essa pesquisa são: (i) há uma prosódia implícita da fala que se projeta na leitura, guiando a segmentação e a organização dos constituintes prosódicos e sintáticos, facilitando o processamento linguístico e a compreensão do texto (nesse sentido, mesmo que não haja marca gráfica, se for necessária uma pausa, por exemplo, ela será produzida oralmente, já que representamos mentalmente a fala em constituintes prosódicos e essa representação se projeta na leitura e guia o processamento); (ii) a percepção prosódica dos sinais de pontuação ocorre de forma mais eficiente se a leitura for mais concatenada, ou seja, menos fragmentada por pausas de hesitação, o que facilita o processamento do texto. Para a realização dos objetivos, conduzimos experimentos de leitura (produção) e compreensão e de escuta (percepção) e compreensão. Participaram dos experimentos de produção e compreensão alunos do Ensino Médio e dois professores graduados em letras (cada professor serviu de parâmetro de leitura para um grupo). Como queríamos investigar a influência da presença /ausência da pontuação na leitura e na compreensão, os participantes foram divididos em dois grupos: Com Pontuação (CP) e Sem pontuação (SP). Os participantes do grupo CP liam um texto com a pontuação original para gravação e os participantes do grupo SP liam o mesmo texto, porém, apresentado sem pontuação, com todas as palavras sem diferenciação entre letras maiúsculas e minúsculas. Os participantes do grupos SP deveriam pontuar o texto e depois lê-lo para a gravação. Após a leitura, os participantes de ambos os grupos respondiam questões de compreensão de nível lexical e inferencial. Nos experimentos de percepção, os participantes eram alunos de graduação. Divididos em 4 grupos, ouviam 4 diferentes gravações das leituras realizadas na tarefa de produção anterior, de acordo com o textoestímulo com ou sem pontuação (CP ou SP) e de acordo com a velocidade de leitura (leitura rápida e leitura lenta). Os resultados desta pesquisa sugerem que: a) a presença das marcas gráficas que incitam variações melódicas durante a leitura em voz alta facilitam a compreensão; b) o leitor, através do seu conhecimento linguístico internalizado reconhece o final de uma unidade prosódica, sintática, semântica e discursiva, e representa essa fronteira oralmente, através de pausas e/ou atribuição de tons de fronteira L% ou H%, porém, muitas vezes, não sabe fazer a correlação dessas fronteiras com os sinais de pontuação; c) a leitura mais rápida (menos fragmentada por pausas) facilita a fluidez da leitura e a compreensão; d) há alunos terminando o ensino médio e o curso de graduação sem o devido conhecimento gramatical dos usos dos sinais de pontuação; e) o leitor mais maduro não faz qualquer correlação entre variações melódicas ou pausas e sinais de pontuação, e sim aquelas correlações que realmente são importantes para a organização prosódica, sintática e semântica do texto; f) as fronteiras de L% , que geralmente correspondem às marcações de ponto, por serem mais robustas, são mais percebidas ( 93%), enquanto as fronteiras de H%, que costumam correspoder às vírgulas, por serem menos robustas, são menos percebidas e marcadas (45%); g) o insucesso dos aprendizes em relação ao uso dos sinais de pontuação pode estar relacionado à forma ou até mesmo à falta de abordagem do conteúdo. |