Resumo: |
Esta dissertação de mestrado possui como tema o estudo conjunto da obra de Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes, um casal de artistas atuantes no contexto da moderna École de Paris, sendo que viveram exilados no Brasil na década de 1940, ante as circunstâncias da 2ª Guerra Mundial. A obra de Vieira da Silva centra-se nas fronteiras do diálogo pictórico entre tempo e espaço ou, mais especificamente, na tensão dialética entre a construção e a desconstrução da perspectiva. Por sua vez, Arpad Szenes possui uma reconhecida série de obras nas quais retrata a esposa em momentos cotidianos, incluindo-se as ocasiões em que ela se dedica à atividade criadora. O dueto de poéticas empreendido pelo casal, além de promover um questionamento “metalinguístico” da pintura entre o tradicional e o moderno, nos permite tecer ressignificações sobre a interface arte/vida. Ao retratar Vieira da Silva em seus momentos de ateliê, Arpad Szenes traduz o pensamento plástico da artista sob seu olhar, na criação de um “mito” que reconta a sua história junto com a esposa, viabilizando a construção de uma pintura compartilhada. Tal compartilhamento se origina no diálogo da obra do casal entre si, mas se reforça nas produções de poetas, críticos e escritores, os quais constituem um círculo de convivência artístico-cultural em torno dos dois artistas, nos moldes das sociabilidades do modernismo. Na riqueza das trocas de experiências e produções, a arte revela sua melhor interface, pela valorização do instante cotidiano. Arma-se um cenário em que a materialidade do espaço se une à temporalidade subjetiva da memória, de onde a obra de Vieira e Szenes emerge como caso exemplar. |
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