Bem-vindos ao nosso Nordeste! Um estudo sobre representações sociais e turismo na Feira de São Cristóvão – Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Nery, Aline Rocha lattes
Orientador(a): Siqueira, Euler David de lattes
Banca de defesa: Santos, Rafael José dos lattes, Guimarães, Vera Maria lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2469
Resumo: Os lugares turísticos podem ser compreendidos enquanto espaços cujas relações estabelecidas ultrapassam em vários aspectos o mero ato de consumo. Espaços de trocas materiais e simbólicas, possibilitam o compartilhamento de valores, significados e experiências. Localizada no bairro de São Cristóvão e reduto da cultura nordestina na cidade do Rio de Janeiro, estima-se que a Feira de São Cristóvão tenha sua origem datada do ano de 1945, com a chegada de retirantes nordestinos na cidade. Espaço de acolhimento, de celebração, a Feira vai crescendo com o decorrer dos anos e passa a ocupar todo o entorno do Pavilhão de São Cristóvão, sendo montada e desmontada todos os finais de semana. Decorre do ano de 2003, no entanto, o que vem a ser um divisor de águas na história da Feira. Após permanecer cerca de 58 anos ao ar livre, a mesma é transferida para dentro do Pavilhão de São Cristóvão e transformada no Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, em um acordo envolvendo interesses distintos. A partir de então, novos contornos passam a ser assumidos. As barracas ganham cobertura oficial e lugares fixos dentro do Pavilhão, e muitas readaptam-se para atender à nova demanda. Novos atores sociais entram em cena. A Feira de São Cristóvão passa a ser divulgada como “um reduto nordestino na cidade do Rio de Janeiro”, atraindo, atualmente, mais de 250.000 visitantes por mês. Ao mesmo tempo, discursos como “o Nordeste é aqui” ou “um pedaço do Nordeste no Rio de Janeiro” se articulam povoando o imaginário dos turistas com a ideia de um lugar único e especial. Reflexo da cidade, a mesma abriga e concentra a complexidade nas esferas econômicas, política, social e cultural. Conflitos, olhares e interesses distintos disputam lugar no que vem a se tornar um dos pontos turísticos da cidade do Rio. Significados múltiplos são construídos e compartilhados neste novo espaço, ressignificado constantemente através das práticas sociais. O presente trabalho visa mapear as representações sociais e o imaginário sobre a Feira a partir do olhar de alguns de seus trabalhadores. Na pesquisa, guiada pela teoria e pelos pressupostos metodológicos da antropologia, busca-se delinear as categorias de pensamento relacionadas à Feira e as estruturas simbólicas que as permeiam, percebendo de que forma o turismo emerge nestas representações. Os depoimentos obtidos são discursos carregados de valores e sentimentos, e as representações analisadas misturam-se umas às outras nas falas dos trabalhadores da Feira, na medida em que estes compartilham vários significados referentes a este espaço. Uma vez que a Feira, reflexo da cultura urbana e seus diferentes modos de vida, guarda estreita relação com certos aspectos mais perenes da vida social, acredita-se que o estudo do imaginário e das representações sociais, analisadas da antropologia social, possa contribuir para reflexões acerca de algumas das questões que perpassam a atividade turística e o meio urbano, em seus vários aspectos.