Resumo: |
A partir de uma pesquisa bibliográfica, faz-se uma leitura dos sermões de Antônio Vieira, principalmente naqueles proferidos durante o seu período missionário no Maranhão, 1653-1662. Parte-se do princípio de que a filosofia neotomista, principalmente através de Francisco Suárez, emerge ao revitalizar a tradição ibérica, abalada por uma série de questionamentos à cosmologia cristã-católica e a sua noção hierárquica do mundo. Vieira desponta com sua prédica barroca em um propósito messiânico que anuncia Portugal como o grande reino salvador da humanidade. Inserindo o profetismo vieiriano na órbita do neotomismo, pode-se entender a sua atuação missionária como algo a afirmar e reforçar a ideia da tradição ibérica pela expansão dos domínios do reino português, bem como da forma de vida lusitana. Porém, ao se deparar com a população colonial, Vieira percebe que sua retórica não surte o efeito desejado. Do otimismo quanto ao inevitável fim português de condução da humanidade ao reino dos céus, através da propagação da palavra de Cristo, tem-se a resignação e o consequente lamento quanto à perda de uma infinidade de almas em pleno território colonial. Esse dado pode ser claramente visto em seus sermões. Ademais, partindo-se do princípio de uma hermenêutica filosófica, e do lugar ocupado pela retórica na construção de uma coletividade, conclui-se que a própria rejeição às palavras de Vieira sinalizam para uma semelhante rejeição da população colonial à tradição ibérica. |
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