Uma proposta pedagógica da língua grega em um tratado gramatical em latim: De differentiis de Erígena

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Silva, Hudson Carlos Alves da lattes
Orientador(a): Fortes, Fábio da Silva lattes
Banca de defesa: Costrino, Artur lattes, Leite, Leni Ribeiro lattes, Souza, Fernanda Cunha lattes, Salgado, Ana Cláudia Peters lattes, Jesus, Carlos Renato Rosario de lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/9326
Resumo: De differentiis (De Differentiis et Societatibus Graeci Latinique Verbi) é um tratado gramatical que realiza um cotejo entre o sistema verbal latino e o grego, destacando suas semelhanças e diferenças, como sugere seu título. Apresentando uma leitura e análise desse tratado, ligado ao contexto de Erígena (Iohannes Scotus Eriugena – séc. IX), lemos De Differentiis como um projeto pedagógico, buscando elementos textuais e extratextuais que sustentem essa hipótese. A fim de investigarmos a possibilidade de ele ser lido como um texto destinado a ensinar grego a latinos, apresentamos também uma descrição do corpus, investigando, assim, o pensamento que ele traz sobre a linguagem no contexto medieval. Para isso, investigaremos, em primeiro lugar, dados sobre Erígena, bem como sobre seu “clima de opinião” (KOERNER, 2016). Em seguida, a relação entre o texto de Macróbio, De uerbis, e nosso corpus. Descrevendo-o, analisamos em que medida o texto trata do sistema verbal latino em contraposição ao grego. Com isso, procuramos observar se ele se atém na sua maior parte às explicações gramaticais da língua grega ou da latina. Em segundo lugar, investigamos em que medida o grego está presente no tratado e em que consiste essa presença. Para isso, analisamos o uso do alfabeto grego no tratado e buscamos, além de mapeá-las, descrevê-las, ao passo em que apresentamos algumas observações descritivas do tratado, tais como: qual é a língua tida como modelo pelo tratado; quais são os autores que representam essa língua; o que podemos inferir na relação entre suas citações e exemplos gramaticais (exempla); quais são seus mecanismos analíticos e descritivos dos fenômenos linguísticos, bem como suas operações lógicas; como sua metalinguagem gramatical dialoga com a terminologia gramatical grega e, por fim, como o tratado transparece em si um contexto bilíngue. Finalmente, após apresentarmos algumas ideias do porquê desse cotejo, investigamos o status do grego bem como o seu ensino no tempo de Erígena, na corte de Carlos, o Calvo. Para chegar aos objetivos expostos, somos guiados teórica e metodologicamente pelos princípios da Historiografia da Linguística (AUROUX, 1992; KOERNER, 1989, 2014a, 2014b; SWIGGERS, 1981, 2012, 2013;). Com nossa pesquisa concluímos que Erígena foi um importante nome no Ocidente ligado ao ensino e tradução das letras gregas, o que contribui para justificar uma leitura do tratado à sua luz. Podemos dizer também que o De differentiis se detém mais sobre o sistema da língua grega que sobre o da língua latina, recorrendo ao conhecimento linguístico desta como propedêutico para o ensino daquela.