Individualidade, narratividade e interação em música popular improvisada

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Gonçalves, Rafael lattes
Orientador(a): Silva, Luiz Eduardo Castelões Pereira da lattes
Banca de defesa: Melo, Luis Carlos Leite da Cunha e lattes, Oliveira, Fausto Borém de lattes, Garzon, Marta Cardoso Castello Branco lattes, França, Gabriel Muniz Improta lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Artes
Departamento: IAD – Instituto de Artes e Design
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/4660
Resumo: O presente trabalho discute como se dá a narratividade das improvisações em música popular improvisada - analisando exemplos do Jazz e da Música Instrumental Brasileira. No primeiro capítulo, discutimos a busca de cada intérprete pelo desenvolvimento da sua "voz" ou de sua individualidade como improvisador, por elementos como: seu vocabulário melódico de improvisação, a busca pela sua sonoridade, o desenvolvimento de sua técnica. Fazemos um estudo de caso de dois improvisos do guitarrista americano Jonathan Kreisberg (nascido em 1972-, músico bem atuante e com sólida carreira no cenário de Jazz internacional) nos standards My Favorite Things e Caravan. A análise mostra procedimentos e vocabulário melódico recorrentes nos dois improvisos, que possivelmente evidenciam o estilo de improvisação do músico. No segundo capítulo, discutimos a narratividade de improvisação musical através de alguns conceitos. Observamos como a improvisação pode ocorrer com elementos mais ou menos premeditados (solos ou improvisos). Exploramos a metáfora de improvisar como "contar uma história" - sob o ponto de vista da semântica e sintaxe musical, com base em autores como John Sloboda (2008) e Jean-Jaques Nattiez (2002). Estudamos a criação do arco narrativo típico em improvisação - a variação de densidade/intensidade da improvisação, refletindo com Ingrid Monson (1996) e Turi Collura (2008) - e aplicamos estes conceitos aos dois improvisos de Jonathan Kreisberg já estudados. A seguir, revisamos vários processos de manipulação do vocabulário melódico em improvisação (como paráfrase, desenvolvimento de motivos, livre tematismo). Refletimos sobre o papel do tematismo na criação de coerência interna para improvisação - e pensamos como cada processo de manipulação melódica estudado se comporta em relação à dicotomia inventividade (ou criatividade) versus coerência. No terceiro capítulo, consideramos o papel da interação entre os músicos na construção da narrativa musical, em que os impulsos comunicativos musicais e "extramusicais" desempenham um importante papel nas improvisações. Mostramos processos de interação típicos de música popular improvisada. Fazemos um segundo estudo de caso e analisamos três performances do choro Lamentos pelo Trio Corrente, um grupo de Música Instrumental Brasileira que vem ganhando destaque e reconhecimento nos últimos anos - foram premiados com o "melhor álbum instrumental" no Grammy Latino de 2014. O grupo é composto por Fábio Torres (piano), Paulo Pauleli (baixo) e Edu Ribeiro (bateria). Pela análise das performances do Trio (nos anos 2003, 2012 e 2012) e comparações com outros intérpretes, percebe-se que a narrativa musical pelo grupo preza por uma dinâmica de espontaneidade e de interação musical intensa, mas seguindo parâmetros e procedimentos recorrentes. Desta forma, ao longo do trabalho refletimos sobre processos de improvisação e narratividade musical nos trabalhos de grupos musicais e intérpretes como Jonathan Kreisberg, Jacob do Bandolim, Izaías Bueno, John Coltrane, Miles Davis, Paul Motian Trio, Trio Corrente e outros. Propõe-se pensar que a construção das narrativas musicais improvisadas ocorrem por um processo que envolve a expressão de individualidade de cada músico e as interações entre eles - percebendo o exercício de papéis de solista e acompanhador geralmente constatados na dinâmica de interpretação coletiva.