Liberdade ainda que tardia: as memórias do cativeiro elaboradas pelos pretos-velhos em São João Del Rei e Montevidéu, tempo presente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Rezende, Lívia Lima lattes
Orientador(a): Daibert Júnior, Robert lattes
Banca de defesa: Castro, Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de lattes, Lages, Sônia Regina Correa lattes, Souza, Mônica Lima e lattes, Abreu, Martha Campos lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em História
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/18351
Resumo: Esta tese tem como objetivo empreender um estudo das narrativas elaboradas sobre a escravidão no âmbito dos terreiros umbandistas em São João del-Rei (Brasil) e Montevidéu (Uruguai). Centrado na análise das práticas rituais associadas especificamente aos pretos-velhos - grupo de espíritos que estaria diretamente relacionado ao cativeiro -, buscou-se, através da metodologia da história oral, compreender um pouco mais acerca dos discursos elaborados sobre essa temática, bem como as mensagens e valores que são transmitidos cotidianamente nesses espaços sagrados. Após um trabalho de campo de longos anos, foi possível observar os trejeitos, posturas, cantos, configurações de espaços e altares e, sobretudo, a elaboração das narrativas dos médiuns durante os rituais em que se declaravam incorporados pelos espíritos de pretos-velhos. Dentre as principais conclusões destaca-se a construção supranacional de um encadeamento extremamente similar dos elementos presentes no discurso dos médiuns que se declaram incorporados acerca das memórias do cativeiro. Em linhas gerais a elaboração narrativa teve início com um relato de dor e sofrimento, migrando para estratégias de resistência, culminando com a apresentação de lições de vida e valores, vinculados a uma ideia mais transcendental de libertação. Neste último momento dos discursos foi possível colocar em diálogo as elaborações narrativas dos pretos-velhos e o conceito de resistência não violenta, muito presente em ativistas como Gandhi e Martin Luther King. Encontrou-se, ademais, inúmeros pontos de contato entre os discursos nos terreiros e produções mais recentes (na literatura, na música e nos movimentos antirracistas), pautadas sobretudo na interpretação do amor e do perdão enquanto elementos ativos de transformação social.