Forte que nem touro, alto que nem torre, livre que nem passarinho: a configuração de uma construção hiperbólica do português

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Pires, Robledo Esteves Santos lattes
Orientador(a): Miranda, Neusa Salim lattes
Banca de defesa: Salomão, Maria Margarida Martins lattes, Silva, Marta Cristina da lattes, Rodrigues, Angélica Terezinha Carmo lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/998
Resumo: A superlativação de conceitos por meio de projeções figurativas é um fenômeno muito comum à Língua Portuguesa, observado tanto na modalidade escrita quanto oral, e promove a emergência de padrões construcionais com sofisticados mecanismos de estruturação conceptual e formal. O presente estudo identifica, descreve e analisa um desses padrões: a Construção Hiperbólica por Símile – CHS, com especial destaque para as instâncias desta construção instituídas a partir do articulador sintático que nem, como ilustra o elenco de types a seguir: (1) A pobreza é que nem um câncer; (2) Passou por mim que nem um rabo de vento e (3) Inocência enrubesceu que nem uma romã. O aporte teórico central deste estudo advém de dois dos mais relevantes modelos da Linguística Cognitiva, quais sejam, a Gramática das Construções como um Modelo Baseado no Uso (GOLDBERG, 1995, 2006; LAKOFF, 1987; SALOMÃO, 2002-2007, 2009; MIRANDA, 2008-2010; BOAS, 2010) e a Semântica de Frames (FILLMORE, 1968, 1977, 1982), cujas teses apontam para a relevância do uso linguístico e da experiência (de todas as ordens) na arquitetura cognitiva do léxico e da gramática. Nesse enquadre, opta-se por procedimentos metodológicos baseados em corpora e em padrões de frequência de ocorrência e de tipos (GOLDBERG, 2006; BYBEE, 2007; CROFT & CRUSE, 2004). Os resultados certificam o valor semântico-pragmático específico dessas expressões hiperbólicas do Português, assegurando-lhes o estatuto de instâncias de um padrão construcional (a CHS) integrado por três subpadrões. Trata-se de uma construção vinculada à Construção Genérica de Modificação de Grau e cujo constructo ( FILLMORE, GOLDMAN & RHODES, 2010) se desenha pela presença de dois Elementos da Construção (EC): um EC Escopo ou núcleo graduável e um sintagma complexo (EC Qualificador_de_grau) resultante da ampliação de valência do EC Escopo. Evocando o frame Posição_máxima_em_uma_escala, a CHS tem seu Valor_hiperbólico assegurado através da comparação por Símile. Em termos de sua função discursiva, esta construção evocada por que nem, marcadamente informal, seja em modalidade oral ou escrita, demarca o domínio da autoexpressão, da subjetividade nas molduras interativas.