A relação entre secularização e cristianismo na pós-modernidade: uma análise da proposta de Vattimo a partir da filosofia de Hans Blumenberg.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Ferreira, Douglas Willian lattes
Orientador(a): Pires, Frederico Pieper lattes
Banca de defesa: Roos, Jonas lattes, Souza, Humberto Araújo Quaglio de lattes, Ferreira, Vicente de Paula lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11921
Resumo: Essa tese doutoral tem por objetivo analisar o modo como Gianni Vattimo e Hans Blumenberg entendem a secularização e, a partir disso, a consequente possibilidade de permanência do cristianismo na pós-modernidade. Especificamente, buscou-se responder a seguinte problemática: em que medida é possível ainda afirmar a permanência do cristianismo na pósmodernidade, como quer Vattimo, diante da compreensão de secularização de Blumenberg? Para isso, tomou-se como objeto de estudo o pensamento filosófico de Blumenberg, sobretudo, sua obra A legitimação da Idade Moderna (2008) e os diversos escritos de Vattimo, ressaltando, contudo, Depois da cristandade (2004) e O fim da modernidade (2002). Partindo disso, defendeu-se a tese de que, depois do processo de secularização, é ainda possível notar a permanência do cristianismo na sociedade pós-moderna, mesmo quando se compreende a secularização como a reocupação funcional de espaços vazios deixados por outras épocas. Essa reocupação se dá, contudo, a partir da retórica, sobretudo em seu caráter metafórico defendido por Blumenberg como marca da antropologia filosófica. A metaforização abre espaço para a realização de uma ontologia hermenêutica e antropológica que garante ao ser humano uma nova função, a saber, não mais a de contemplador do universo, ou passivo frente à vontade divina, mas intérprete do mundo da vida e construtor de sua própria existência. Tem-se então a liberação da metáfora como condição de possibilidade de reafirmação do ser humano, não a partir de um racionalismo exagerado que resultaria nas afirmativas metafísicas, mas a partir do reconhecimento dos limites do ser humano. Nesse processo de metaforização, vê-se expressa a manifestação dos elementos niilistas, apontados por Vattimo como condição da pósmodernidade que resulta na abertura para a eventualidade do ser que, ao se dar no transcorrer do tempo, garante a pluralidade e diversidade. No âmbito dessa abertura, faz sentido um cristianismo que dialogue com essas culturas e fé plurais, o que só é possível quando se supera a condição dogmática e ortodoxa do cristianismo. Resulta desse cristianismo enfraquecido a afirmação do amor-caridade como princípio de saída para o encontro com o outro. Esse princípio, por si mesmo niilista e enfraquecido, não afirma um cristianismo violento e doutrinador, mas aponta para o fato de que o enfraquecimento e a debilidade do pensamento deixam como legado um cristianismo do coração e da humanidade do ser humano.