Conosco, sem nós ou contra nós: a Igreja Católica e a sua proposta de reforma agrária como estratégia de reposicionamento dentro da sociedade na segunda metade do século XX.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Carvalho, Nilmar de Sousa lattes
Orientador(a): Berkenbrock, Volney José lattes
Banca de defesa: Portella, Rodrigo lattes, Costa, Sandro Roberto da lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/12922
Resumo: Esta pesquisa foi realizada com o intuito de uma maior compreensão acerca do reposicionamento da Igreja Católica na sociedade brasileira a partir de sua proposta de reforma agrária, elaborada entre os anos de 1950 a 1964. Para auxiliar no seu entendimento foi realizada uma análise de como se originou a Doutrina Social da Igreja, quais foram as inflexões da Igreja após a sua separação do Estado no final do século XIX e, quais as implicações percebidas pela Igreja devido a apresentação da primeira proposta de reforma agrária, apresentada pelo Partido Comunista Brasileiro. No início da segunda metade do século XX, o Brasil sofreu profundas transformações sociais no meio rural. O problema da falta de acesso à propriedade da terra, vivenciado por milhões de brasileiros foi, aos poucos, se tornando um tema bastante debatido entre os vários setores da sociedade. Dentre eles, a Igreja Católica que, preocupada com os rumos que a discussão estava tomando e com o intuito de se antecipar à revolução, convocou, em setembro de 1950, a I Semana Ruralista realizada na cidade de Campanha (MG). Durante os anos seguintes, o debate sobre a reforma agrária foi ganhando cada vez mais espaço dentro do seu corpo hierárquico. Em setembro de 1954, a II Assembleia Geral da CNBB lançou o primeiro documento sobre o tema: A Igreja e a reforma agrária. Em 1956, os bispos nordestinos se reuniram na cidade de Campina Grande (PB) e, em 1959, na capital do Rio Grande do Norte. A partir de 1960, os encontros dos bispos passaram a ser convocados pela própria CNBB. Em outubro de 1961 e 1963, o presidente da CNBB convocou a Comissão Central da CNBB para refletir sobre a publicação das encíclicas Mater et Magistra e Pacem in Terris, e a sua relação com a questão agrária. Durante o governo de João Goulart (1961-1964) foi aprovado o estatuto do trabalhador rural e a Igreja apoiou as Reformas de Base. A pesquisa seguirá a ordem cronológica dos fatos que ocorreram entre os anos de 1950 e 1964 e, serão feitas análises dos documentos eclesiais e bibliografias sobre o assunto. A Igreja Católica, beneficiada por um modelo de laicidade compósito, que possibilitou uma espécie de cooperação com o Estado, tornou-se uma religião pública e, adaptou-se aos novos desafios da contemporaneidade, para preservar os seus interesses. Diante da ameaça de perder espaço, ela tratou de apresentar uma série de projetos sociais com a finalidade de continuar exercendo influência dentro da sociedade.