Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Petrich, Lademir Renato
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Orientador(a): |
Dreher, Luís Henrique
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Banca de defesa: |
Araújo, Paulo Afonso de
,
Pires, Frederico Pieper
,
Souza, Jose Carlos Aguiar de
,
Staudt, Leo Afonso
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Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião
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Departamento: |
ICH – Instituto de Ciências Humanas
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1601
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Resumo: |
A filosofia pós-kantiana viu-se no desafio de solucionar as dualidades oriundas da Crítica da Razão Pura e dar ao projeto crítico um aspecto positivo. Arthur Schopenhauer está inserido neste contexto, considerando a si mesmo o genuíno herdeiro de Kant e o único capaz de dar continuidade ao projeto crítico. Apoiando-se na primeira edição da Crítica, Schopenhauer se utiliza da distinção kantiana entre fenômeno e coisa-em-si para decifrar o “enigma do mundo”. A conclusão a que chega é a de que o mundo somente é compreendido a partir de duas verdades complementares: do ponto de vista gnosiológico, o mundo é representação; do ponto de vista metafísico, o mundo é Vontade. A Vontade se espelha no mundo objetivandose em inúmeros graus na natureza, dos quais o ser humano é sua cópia mais perfeita. É também no ser humano que a Vontade toma consciência de si e se descobre como fonte infindável de desejos, sendo a raiz de todo conflito e de todo sofrimento (é o pessimismo metafísico). É preciso haver uma redenção! A libertação é possível naqueles que têm o “conhecimento melhor”, de forma parcial na contemplação estética e definitivamente na negação da Vontade. No processo de descrição de seu sistema filosófico, Schopenhauer define o que pensa sobre as religiões e suas doutrinas. As religiões somente existem porque a maioria esmagadora da humanidade não tem capacidade filosófica. A estas pessoas é preciso uma linguagem mitológica e alegórica, típica das religiões. Neste sentido, as religiões se justificam em seu aspecto prático-consolatório, ficando em aberto a pergunta se seus benefícios compensam seus malefícios. Algo inusitado, no entanto, acontece quando Schopenhauer descreve o estado da negação da Vontade. Ao se chegar ao “nada”, Schopenhauer diz que é melhor remeter à linguagem dos santos e místicos do que elaborar um discurso filosófico com palavras fracas e débeis. Por que novamente recorrer à linguagem mitológica e alegórica? A explicação mais recorrente afirma que a metafísica de Schopenhauer, por se tratar de uma metafísica imanente (metafísica hermenêutica ou hermenêutica da existência), fica sem qualquer ponto de referência para elaborar um discurso no estado da negação da Vontade, pois para além do ser é impossível qualquer descrição da coisa-em-si. Apesar desta explicação ser bastante consistente, esta tese defende a hipótese de que a ausência de linguagem na negação da Vontade não é decorrente do ponto de chegada, o “nada”, mas sim do ponto de partida, que é o acesso metafísico. Schopenhauer chega ao conceito metafísico da Vontade através da autoconsciência do sujeito volitivo que se percebe como “querer”, sendo o desejo toda a sua essência. Porém, para as religiões o querer, tal qual descrito por Schopenhauer, é apenas a expressão do “ego” e não do “eu”. O “eu” em sua plenitude absorve todas as dualidades: querer/não querer; bem/mal; egoísmo/compaixão; etc. Desta forma, a porta de acesso à coisa-em-si está fragmentada em Schopenhauer, de maneira que a redenção precisou entrar “voando” em seu sistema filosófico e o tradicional problema do mal se transformou no “problema do bem”. |