Avaliação do rastreamento do câncer de mama em Minas Gerais a partir de dados do SISMAMA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pereira, Daniela de Almeida lattes
Orientador(a): Teixeira, Maria Teresa Bustamante lattes
Banca de defesa: Silva, Gulnar Azevedo e lattes, Tomazelli, Jeane Glaucia lattes, Warren, Joan Leigh lattes, Leite, Isabel Cristina Gonçalves lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2021/00040
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13169
Resumo: O objetivo desta tese foi avaliar o rastreamento do câncer de mama em Minas Gerais a partir de dados identificados do SISMAMA e sua conformidade com as diretrizes nacionais. Foram realizados três estudos, cujos resultados são apresentados em formato de artigos. O relacionamento probabilístico de banco de dados foi uma das principais técnicas utilizadas no desenvolvimento desta tese. De acordo com o tamanho das bases vinculadas, o procedimento pode resultar na formação de muitos pares, o que inviabiliza a conferência manual para identificação de um par verdadeiro. Assim, no primeiro estudo, foi criado um método automatizado para seleção de escore e identificação de pares em relacionamento probabilístico. Para isso, as bases de exames alterados e referência foram relacionadas por meio de 16 passos. Cada passo foi inspecionado manualmente para se obter um padrão-ouro e selecionaram-se amostras que foram inspecionadas e avaliadas para calcular a acurácia do método. A criação do método agilizou e facilitou a etapa de identificação dos pares verdadeiros, sendo constatada uma boa qualidade das medidas de avaliação dos relacionamentos realizados. No segundo estudo, foi estimada a cobertura do rastreamento mamográfico no estado e suas microrregiões de saúde e avaliados os fatores associados. Para calcular a cobertura do rastreamento foram removidas as duplicidades e repetições pelos métodos determinístico e probabilístico. A associação entre a cobertura e as demais variáveis foi analisada por modelos de regressão linear. A cobertura estimada para a população alvo do rastreamento mamográfico no estado foi de 36,3%. Nas microrregiões a cobertura variou de 2,66% a 61,70%. Foi observado que as maiores coberturas ocorreram nas microrregiões com melhor nível de desenvolvimento socioeconômico e menor vulnerabilidade na saúde (Centro e Sul); e as menores nas microrregiões menos desenvolvidas e com maior vulnerabilidade na saúde, Norte e Nordeste. Foi encontrada associação positiva entre cobertura e renda, número de mamografias e capacidade de utilizá-las. Em contraste, a análise mostrou uma associação negativa com o Índice de Gini, demonstrando que quanto maior a renda, menor desigualdade de renda, maior número de mamógrafos e capacidade de utilização desse equipamento, maior a cobertura de mamografia. No terceiro estudo o sobrerrastrreamento foi avaliado a partir de uma coorte não concorrente de mulheres rastreadas com registro no SISMAMA, por meio do relacionamento probabilístico entre a base referência e seguimento. Foram estimados o percentual de sobrerrastreio por faixa etária (realização de exames em mulheres com idade =70 anos) e o sobrerrastreamento mamográfico por periodicidade excessiva (repetição do exame em um período inferior a 18 meses). A associação entre o sobrerrastreamento e as variáveis sociodemográficas e assistenciais foram analisadas em um estudo ecológico que tomou como unidades de análise as 77 microregiões de saúde do estado, utilizando modelos de regressão. Verificou-se que sobrerrastreamento por faixa etária atingiu 47,1% das mulheres e por periodicidade 27,8%. Os fatores associados ao sobrerrastreamento por periodicidade foram maior renda, número de mamógrafos e menor desigualdade de renda. Não foi encontrada associação entre o sobrerrastreamento por faixa etária e as variáveis estudadas. Ressalta-se, que foi observado que microrregiões com baixa cobertura e menor número de recursos humanos e equipamentos, realizam sobrerrastreamento, o que demonstra a necessidade de adequações. A partir do desenvolvimento dessa tese conclui-se que em Minas Gerais, a cobertura de mamografia na faixa etária alvo, 50 a 69 anos no período do estudo era baixa, e que as recomendações de faixa etária e periodicidade não eram adotadas. Dessa forma, as ações de rastreamento no estado precisam de melhorias e adequações e estas devem focar na distribuição de recursos de acordo com a necessidade e característica de cada região, na organização e otimização das ações de rastreamento, na conscientização da população em geral e capacitação dos profissionais, sobretudo acerca das evidências que embasaram a elaboração das diretrizes adotadas no Brasil.