Avaliando as plataformas de ciência cidadã para o estudo da migração altitudinal de aves

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Rodrigues, Vítor André lattes
Orientador(a): Guaraldo, André de Camargo lattes
Banca de defesa: Sousa, Nadinni Oliveira de Matos lattes, Rosoni, Jonas Rafael Rodrigues lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós Graduação em Biodiversidade e Conservação da Natureza
Departamento: ICB – Instituto de Ciências Biológicas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16662
Resumo: Migração altitudinal é o movimento sazonal de indivíduos de áreas reprodutivas para não-reprodutivas, e vice-versa, ao longo de um gradiente altitudinal. Estudos nesse tema ainda são escassos e, como os custos e logística dos estudos de campo são alguns dos impedimentos, utilizar a ciência cidadã pode ser uma estratégia para assegurar avanços na compreensão desse comportamento nas aves. Assim, avaliamos a eficiência e viabilidade dos dados das plataformas eBird e WikiAves para detectar a migração altitudinal de aves no Brasil, investigando também as relações do comportamento com as variáveis ambientais. Selecionamos 12 espécies reconhecidamente migratórias pela literatura, além de seis residentes para comparação. Definimos como área de amostragem o leste brasileiro e, por diferenças na natureza das plataformas, para os dados do eBird, dividimos a área em células e calculamos as variáveis para cada uma. Para o WikiAves, utilizamos os municípios como unidade amostral. Primeiramente, executamos dois modelos lineares generalizados mistos (GLMM) binomiais inflados em zero - modelos gerais - a partir dos dados do eBird, um para espécies migratórias e outro para residentes, o que não foi possível para o WikiAves pelo baixo tamanho amostral. Devido à grande variância das espécies como fator de efeito aleatório, executamos novos GLMM inflados em zero para cada espécie usando ambas as plataformas. Os modelos gerais evidenciaram diferenças no padrão temporal de ocorrência entre espécies residentes e migratórias, confirmando o potencial dos dados do eBird para inferir o comportamento de migração altitudinal. Nos modelos a nível de espécie, os dados das residentes seguiram o esperado, com três das doze espécies migratórias seguindo o padrão de sazonalidade altitudinal. Assim, nossos modelos gerais evidenciaram que o padrão sazonal de ocorrência das espécies migrantes se distinguiu das residentes, conforme esperado por nossas expectativas em caso de validação dos dados da plataforma eBird. Os modelos específicos, por sua vez, confirmaram a diversidade de comportamentos, com apenas três modelos de espécies migratórias seguindo o esperado. A diversidade de respostas, em si, é plausível e esperada para o movimento migratório altitudinal, visto que é regido por variáveis diversas que interagem entre si e que pode variar entre populações de uma mesma espécie. Além da complexidade do movimento, é possível também que as variações entre as populações resultem em fontes adicionais e não controladas de ruídos nos modelos. Ainda assim, os resultados obtidos nos modelos gerais se mostraram confiáveis frente às predições estabelecidas, demonstrando que, no contexto deste estudo, é possível utilizar os dados de ciência cidadã no estudo da migração altitudinal. Todavia, análises mais refinadas em nível de espécie podem sofrer com ruídos, possivelmente sendo o uso desses dados dependente de estudos mais refinados de ecologia da movimentação. Dessa forma, concluímos que os dados de ciência cidadã podem permitir estudos de migração altitudinal de aves no Brasil em determinadas situações. Cabe a futuros trabalhos de ecologia do movimento refinarem os cenários para que dados de ciência cidadã possam ser mais eficazes.