Concordância nominal variável na produção infantil: dados naturalísticos, experimentais e caracterização formal
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , , |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
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Departamento: |
Faculdade de Letras
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2021/00106 https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13993 |
Resumo: | Esta tese investiga a realização variável da concordância nominal (redundante X não redundante) no português brasileiro (PB) e visa a propor uma formalização para o fenômeno a partir de dados de produção de adultos e de crianças. Em termos empíricos, com base na articulação de dados longitudinais espontâneos e metodologia experimental, nosso estudo explora: (i) possíveis efeitos da variável saliência fônica (SF) na produção adulta e infantil dos padrões de concordância nominal; (ii) a atuação de aspectos de natureza extralinguística, tais como grau de escolarização, faixa etária e origem do falante na alternância entre tais padrões e (iii) a relação entre a alternância dos padrões de marcação e um conjunto de aspectos estruturais e morfofonológicos tais como a configuração da estrutura, a natureza do núcleo do sintagma, a morfofonologia dos numerais presentes no sintagma, etc. Em termos teóricos, buscamos fornecer uma caracterização formal para a alternância de padrões de marcação de plural identificados nos dados coletados, aliando o arcabouço teórico fornecido pelo Programa Minimalista (CHOMSKY, 1993, 1995, 1999) e a Teoria dos 4M (MYERS-SCOTTON; JAKE, 2000a). Em relação aos dados naturalísticos, são relatados os resultados obtidos a partir da análise de três corpora, compreendendo a produção espontânea de crianças em contextos de interação com seus cuidadores primários ou com a professora. Em relação aos dados experimentais, são reportados os resultados de um estudo conduzido com crianças e adultos falantes do PB. Quanto à saliência fônica dos nomes, os resultados naturalísticos e experimentais não se mostram compatíveis com uma atuação significativa dessa variável. No que tange à produção de sintagmas plurais redundantes e não redundantes por crianças e adultos, observou-se que nos dados de produção espontânea, o comportamento das crianças parece refletir o padrão registrado na fala adulta. Os resultados do estudo experimental, por sua vez, indicam diferenças importantes entre a produção adulta e infantil. Questões associadas à natureza da situação comunicativa em cada caso podem explicar as diferenças observadas. Em termos teóricos, os resultados obtidos tanto por meio de metodologia naturalística quanto experimental e a interpretação deles decorrentes são compatíveis com uma abordagem formulada no contexto da Teoria dos 4M para explicar o fenômeno da concordância variável de número no PB. Propomos que a concordância não redundante é licenciada pelo tipo de morfema envolvido, sua constituição de traços, bem como pelas relações que eles estabelecem no sistema de Agree (CHOMSKY, 1999, 2004). Mais especificamente, propomos que o morfema de número no determinante seja do tipo sistêmico precoce e o morfema de número no nome e adjetivo do tipo sistêmico tardio. Nos moldes do sistema de Agree, propomos que os primeiros sejam valorados e interpretáveis e que os últimos correspondam a traços não valorados e não interpretáveis. A partir desse raciocínio, defendemos – com base no sistema de Frampton e Guttman (2000) e na proposta de Pesetsky e Torrego (2007) – que o mecanismo de concordância envolve, na verdade, compartilhamento de traços. |