Casa dos Braga, de Rubem Braga: retratos de uma morte feliz

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Batista, José Geraldo lattes
Orientador(a): Furtado, Fernando Fábio Fiorese lattes
Banca de defesa: Silva, Francis Paulina Lopes da lattes, Noronha, Jovita Maria Gerheim lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/3257
Resumo: Esta dissertação aborda as similaridades e incongruências entre a arte de registrar os instantes através da fotografia e a arte de Rubem Braga em escrever suas crônicas. A partir da leitura do livro Casa dos Braga: memória de infância, de Rubem Braga (1913-1990), publicado em 1997, intenta-se evidenciar nessa obra o caráter fragmentário, o recorte de personagens e paisagens, as dimensões reduzidas dos textos coligidos e o pendor documentário dessa recolha de crônicas da infância que conduzem o leitor a surpreender a tangência e a contaminação das operações da escrita memorialística pelos processos do dispositivo fotográfico, aqui considerado tanto como metáfora da permanência dos resíduos mnemônicos no aparelho psíquico, quanto como sintoma que reúne a fotografia e as écritures de soi na mesma tensão “indecidível” entre o registro testemunhal do passado e as muitas irrupções do imaginário e da ficção. Procura-se, também, demonstrar, na leitura da Casa dos Braga, a impressão sedutora e enigmática de encontrar-se diante de um álbum de fotografias. Da mesma forma que uma coleção de retratos de família nos prende e nos interroga silenciosamente, a substância textual das crônicas de Rubem Braga, enquanto modo de fixação e acumulação de instantes fugidios, aciona no leitor práticas similares àquelas do “amador” de fotos, pois ali também fragmentos e recortes estão a exigir do olhar e da imaginação movimentos e digressões que permitam complementar o espaço e unir as muitas estações do tempo. Ali mudada em tipos imóveis, a memória textualizada nos mobiliza para vivificar o que está morto, como no paradoxo em que a fotografia se diz: “eternização do instante”. Enfim, pretende-se ressaltar a importância do espaço da casa de infância em relação ao espaço literário do escritor e discutir a pertinência da analogia entre o “álbum de retrato” e a obra referida, correlacionando a literatura com a prática semiótica da fotografia.