Abordagem semântico-pragmática da construção concessivo-comparativa anteposta simples “PARA X, Y” e construção concessivo-comparativa anteposta enfática “ATÉ QUE PARA X, Y”

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Pires, Gabriela da Silva lattes
Orientador(a): Rocha, Luiz Fernando Matos lattes
Banca de defesa: Oliveira, Mariangela Rios de lattes, Pinheiro, Diogo Oliveira Ramires lattes, Vieira, Amitza Torres lattes, Salomão, Maria Margarida Martins lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2283
Resumo: Enunciados como (1) “até que para um carro 1.0 ele anda bem na estrada” e (2) “PRA QUEM JÁ MORDEU UM CACHORRO POR COMIDA, ATÉ QUE EU CHEGUEI LONGE” têm nos chamado a atenção pelo fato de expressarem um tipo de concessividade (frustração de expectativas) ao passo que um elemento é colocado em evidência em comparação ao frame ao qual é vinculado. Ancorados nos pressupostos da Gramática das Construções (GOLDBERG, 1995, 2006; FILLMORE; LEE-GOLDMAN & RHOMIEUX, 2012), Teoria dos Espaços Mentais (FAUCONNIER, 1994, 1997; FAUCONNIER & TURNER, 2002) e igualmente norteados pelas abordagens sobre concessividade (KÖNIG & SIEMUND, 2000) e comparação linguística (HASEGAWA et al, 2010), buscamos legitimar esses tipos de ocorrências como instâncias do que chamamos de Construção Concessivo-comparativa Anteposta Enfática (CCCAE), em (1), esquematizada por “ATÉ QUE PARA X, Y”; e Construção Concessivo-comparativa Anteposta Simples (CCCAS), em (2), esquematizada por “PARA X, Y”. Nesses esquemas, “X” é marcado como um Sintagma Nominal preferencialmente Indefinido, que gera certas expectativas sobre frames; e “Y” contém um comentário avaliativo contrário às expectativas. Nesse sentido, contribuem para a pesquisa os estudos sobre Semântica de Frames (FILLMORE, 1982) e estudos complementares sobre Avaliatividade (MARTIN & WHITE, 2005). Seguindo uma metodologia empírica, constituímos um banco de dados, por meio de busca em três domínios da internet: “abril.com.br”, “blogspot.com.br” e “br.answers.yahoo.com”, com as seguintes expressões de busca: “(até que) para/pra alguém”; “(até que) para/pra quem”; “(até que) para/pra um”; “(até que) para/pra uma”. Ao final, obtivemos 19 ocorrências válidas em CCCAS e 385 ocorrências válidas em CCCAE. A partir das análises dos dados, podemos considerar alguns aspectos das construções. Foi verificado que, quando configuradas com correferencialidade (direta ou indireta) entre X e o elemento comentado em Y, essas construções atuam tipicamente para estabelecer uma relação concessivo-comparativa entre a expectativa gerada a partir de X e a quebra de expectativa feita no comentário em Y, sobre um elemento que atua como membro menos prototípico da categoria acionada pelo frame evocado em X. Quanto à CCCAE, os frames mais evocados nos comentários feitos em Y – Desirability, Success_or_failure e Aesthetics – são esquemas conceptuais ligados à avaliação, o que é um forte indício de que esta construção tenha caráter avaliativo. Como recurso avaliativo, a CCCAE é mais comumente usada para apreciar a qualidade de produtos e julgar comportamento humano em relação à capacidade. Tanto CCCAE como CCCAS parecem promover um processo de mesclagem conceptual, que relaciona escalas entre os espaços mentais e promove o surgimento de categoria ad hoc, em que a avaliação feita é relativizada a um grupo de expectativas; podendo variar entre o elogio e a crítica. Assim, essas construções, ao promoverem um tipo de crítica velada, mostram-se fortes recursos argumentativos e avaliativos da língua.