Biocurativos inovadores para o tratamento de feridas contendo Jambu (Acmella oleracea): caracterização físico-química e avaliação de propriedades multifuncionais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Fajardo, Júlia Bertolini lattes
Orientador(a): Fabri, Rodrigo Luiz lattes
Banca de defesa: Senna, Juliana Perdiz lattes, Pereira, Michele Munk lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas
Departamento: Faculdade de Farmácia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/di/2023/00141
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16637
Resumo: O envelhecimento e doenças crônicas estão relacionados ao aumento dos casos de feridas de difícil cicatrização. Em 2021, o gasto global com o tratamento de feridas alcançou 3,5 bilhões de dólares. Biocurativos poliméricos possibilitam uma nova abordagem para o reparo de lesões cutâneas. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo desenvolver biocurativos de quitosana incorporados com o extrato metanólico das folhas de Acmella oleracea, bem como realizar a caracterização físicoquímica e biológica da formulação, visando o tratamento de feridas. As folhas de A. oleracea foram trituradas e submetidas a maceração com metanol 99,8%, obtendo o extrato metanólico (AOM). Por meio da técnica de UFLC-QTOF-MS, foi verificada a presença de compostos fenólicos e das alquilamidas, como o espilantol, principal composto bioativo da planta. O extrato não induziu efeitos tóxicos em fibroblastos L929 e macrófagos murinos. AOM foi capaz de reduzir a produção celular de mediadores inflamatórios IL-6, TNF-α, NO e CLs, em macrófagos, em 100%, 96,66%, 46,06%, 97,72%, respectivamente, na maior concentração testada (300,00 µg/mL). Efeitos antioxidantes também foram observados para AOM com valores de CI50 de 44,50 ± 4,46 e 127,6 ± 14,42 g/mL, nos ensaio de inibição dos radicais DPPH• e NO, respectivamente, AAR% de 63,56 ± 13,01 a quercetina e AAR% de 104,01 ± 21,29 a rutina, no ensaio de poder de redução do fosfomolibdênio, e porcentagem de inibição da peroxidação lipídica de 63,69%, no ensaio de inibição da formação de MDA. Além disso, em macrófagos intraperitoneais, observou-se uma redução de 61,38% da produção celular de espécies reativas de oxigênio. AOM apresentou atividade antimicrobiana de moderada a alta, com CIM ≤ 1000 µg/mL para S. aureus, P. aeruginosa, S. epidermidis, E. coli e C. albicans. Os filmes poliméricos foram preparados pelo método de evaporação do solvente com quitosana a 2% (p/v), na ausência (Q-BR) e na presença de diferentes concentrações de AOM (Q-AOM5%, QAOM2,5% e Q-AOM1%). Os filmes exibiram peso e espessura uniformes e boa capacidade de intumescimento. Imagens de MEV mostraram superfície com partículas de formato irregulares, proporcionais a concentração de extrato. Ademais, a avalição do perfil de liberação evidenciou que estes foram capazes de liberar, satisfatoriamente e de forma gradual, fitoconstituintes de AOM ao fim de 8h (QAOM5%: 67,15 ± 2,16; Q-AOM2,5%: 66,78 ± 2,47; Q-AOM1%: 39,38 ± 0,11). Os filmes também se apresentaram termicamente estáveis até 40ºC e exibiram resistência a ruptura nas análises reológicas. Além disso, no ensaio de FTIR, foi possível identificar o estabelecimento de interações intermoleculares entre o polímero e os fitoconstituntes de AOM. Assim como AOM, os filmes não exibiram efeito citotóxico. Os biocurativos reduziram a produção celular de mediadores inflamatórios, IL-6, IL-12 e NO, em macrófagos, em 95,41, 100% e 66,87%, respectivamente, na maior concentração de AOM (Q-AOM5%). Efeitos antioxidantes também foram observados, com valores máximos de inibição de 90,41% no ensaio de inibição dos radicias DPPH e AAR% de 28,29 ± 3,41 a quercetina e AAR% de 46,29 ± 5,58 a rutina, no ensaio de poder de redução do fosfomolibdênio. Os biocurativos também exerceram atividade antimicrobiana pela inibição do crescimento e adesão de biofilme frente aos microrganismos citados anteriormente. Conclui-se que os biocurativos de quitosana e AOM apresentam-se como uma formulação inédita para o tratamento de feridas, com características físico-químicas promissoras e amplo potencial bioativo. Sugere-se a realização de estudos adicionais para confirmação da atividade da formulação por meio de modelos in vivo e de ensaios de cicatrização, além de ensaios de permeação cutânea e de estabilidade físico-química.