Câncer colorretal – carga da doença no estado do Mato Grosso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Alves, Christiane Maria Meurer lattes
Orientador(a): Bastos, Ronaldo Rocha lattes
Banca de defesa: Galvão, Noemi Dreyer lattes, Colosimo, Enrico Antonio lattes, Teixeira, Maria Teresa Bustamante lattes, Guerra, Maximiliano Ribeiro lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11793
Resumo: Introdução: O câncer colorretal apresenta mortalidade crescente no Brasil considerando o período de 1979 a 2015. O rastreio pode reduzir a mortalidade da doença pela remoção de tumores iniciais ou pela remoção de lesões precursoras (pólipos) antes da sua transformação em lesão maligna. Apesar da importância da doença, não existem ações organizadas de rastreio no país. Avalia-se aqui a tendência temporal e a tendência espaço- temporal da mortalidade por câncer colorretal no estado do Mato Grosso e a carga da doença nos municípios de Cuiabá e Várzea Grande através do estudo da mortalidade, incidência e sobrevida. Material e Métodos: Para a análise de tendência temporal e espaço-temporal da mortalidade no estado do Mato Grosso foram utilizados os dados do DATASUS e aplicada a técnica de regressão linear simples. Posteriormente, as taxas foram log-transformadas para cálculo da mudança percentual anual, utilizando o pacote estatístico SPSS15.0. Para a relação espaço-temporal nas mesorregiões e microrregiões de saúde do estado, utilizou-se o modelo condicional autoregressivo (CAR) do pacote CARBayesST do software R. Os modelos ajustados são hierárquicos bayesianos com inferência baseada na simulação Monte Carlo via cadeia de Markov. Nos municípios de Cuiabá e Várzea Grande, na análise da tendência de mortalidade, também foram usados os dados do DATASUS e o método de regressão linear simples e transformação log- linear. Os dados do Registro de Câncer de Base Populacional (RCBP) foram utilizados para as análises de incidência e sobrevida pelo câncer colorretal. Os dados do registro foram relacionados com os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade nominados utilizando o software R e o Reclink. Na análise de tendência de incidência, novamente, foi utilizado o modelo de regressão linear. Para a sobrevida, as técnicas de estimação Kaplan-Meier, modelo de regressão de Cox e net survival. Resultados: A regressão linear mostrou aumento significativo da mortalidade global em ambos os sexos (p<0.05), com aumento percentual anual principalmente na faixa etária <45 anos (6,5% para homens e 6,61% para mulheres). A modelagem espaço-temporal, particularmente os modelos CARlinear e CARar, mostrou melhor ajuste e resultados mais consistentes em pequenas áreas (microrregiões), no caso de número pequeno de óbitos. O aumento de mortalidade em todos os estratos analisados foi evidenciado notadamente nas áreas de Cuiabá e Rondonópolis. Considerando apenas os municípios de Cuiabá e Várzea Grande, os resultados para a tendência de incidência não foram significativos. A mortalidade, por sua vez, mostra tendência de aumento para ambos os sexos. Utilizando o método de Kaplan-Meier, a sobrevida em 5 anos foi maior entre as mulheres, na faixa etária de 45- 54 anos e para os residentes do município de Cuiabá, mas as diferenças observadas não foram estatisticamente significativas. A net survival observada no RCBP foi de 47.7% (IC95%: 43,4-51,8%) em 5 anos. Discussão: A utilização de dados secundários e a aplicação de modelos estatísticos encontra uma oportunidade favorável na caracterização de diversas patologias, particularmente o câncer, doença que sofre influência de vários fatores e que precisa ser observada no tempo e espaço. Estudos com abordagem biomédica da carga de doença oferecem uma visão global e podem ser úteis na construção de políticas públicas que tragam benefícios na prevenção e na oferta de serviços que possam contribuir para redução da incidência do câncer colorretal, aumento de sobrevida e redução de mortalidade. Conclusão: A associação de técnicas no estudo de incidência, mortalidade e sobrevida pode trazer informações adicionais importantes ao orientar a descentralização e pactuação a partir da compreensão do que ocorre nas pequenas áreas. Além disso, é evidente a importância da implantação, manutenção, atualização e disponibilidade dos dados dos Registros de Câncer para o melhor conhecimento do perfil da doença no nosso país.