Processo de punção venosa na captação e transfusão de sangue e trauma vascular periférico na perspectiva do binômio usuário-profissional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Peres, Aline Almeida lattes
Orientador(a): Arreguy-Sena, Cristina lattes
Banca de defesa: Bachion, Maria Márcia lattes, Sanhudo, Nádia Fontoura lattes, Oliveira, Anabela de Souza Salgueiro lattes, Santos, Kelli Borges dos lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Enfermagem
Departamento: Faculdade de Enfermagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/4051
Resumo: Pesquisa delineada no método misto (estudos de caso com pessoas internadas para receber hemocomponentes; representações sociais do binômio usuário-profissional sobre o processo de punção venosa periférico em hemoterapia; coorte prospectiva com doadores de sangue para calcular a incidência de trauma vascular periférico; survey sobre a prática de punção desempenhada com profissionais de duas instituições e sobre o nível de satisfação de doadores de sangue sobre o processo de punção venosa para doação de sangue; e implicações da punção venosa periférica em hemoterapia para a enfermagem). Objetivou analisar as especificidades do processo de punção de vasos durante a captação e transfusão de hemocomponentes, a ocorrência de trauma vascular periférico na perspectiva do binômio usuário-profissional e as representações sociais de profissionais e doadores de sangue sobre o processo de punção realizado com fins hemoterápicos. Utilizados referenciais da Teoria das Representações Sociais (TRS) e Teoria do Cuidado Transpessoal de Jean Watson. Foram dois os cenários da investigação: hemocentro e instituição hospitalar de ensino em Minas Gerais. Delineamentos amostrais: 1) por tipicidade para estudo de caso com seis receptores de hemocomponentes; 2) seleção completa composta por 200 doadores de sangue de um hemocentro, cujas representações sociais sobre o processo de punção foram captadas nas abordagens processual e estrutural; 3) amostra de seleção completa composta de 62 profissionais oriundos de duas instituições, cujos usuários tiveram suas veias puncionadas para fins hemoterápicos e para captação de representações sociais e survey sobre a prática laboral de profissionais que puncionam veias; 4) amostra de seleção completa com 150 doadores que integraram uma coorte prospectiva e aferição de seu nível de satisfação sobre o processo de punção. Dados coletados de Junho/2015 a Agosto/2016. Estudo de caso e coortes estruturadas a partir de instrumento previamente validado, utilizando escalas mensurativas, paleta cromática e registros fotográficos de manifestações de trauma vascular. Utilizadas técnica de evocação livre a partir de termos indutores (―doar sangue‖, ―receber sangue‖ e ―punção da veia para doar sangue‖) para abordagem estrutural da TRS e gravação de áudio com entrevista semiestruturada para abordagem processual. Survey abordando práticas profissionais e aferição da satisfação de doadores quanto à punção. Atendidas recomendações éticas e legais da pesquisa com seres humanos. Integraram os estudos de caso pessoas com anemia, plaquetopenia e imunodepressão, cujos acessos venosos viabilizaram transfusões sanguíneas e infusão de terapia intravenosa. Detectada perda da punção havendo divergência entre registros profissionais e prática laboral. Complexo de fixação não atendeu aos protocolos institucionais. Foram manifestações de trauma vascular: edema e equimose. Atendidas recomendações sobre o calibre do cateter intravenoso e uso de vaso central para a infusão de drogas vesicantes. Abordagem processual das representações sociais de profissionais evidenciou três categorias temáticas que retrataram o processo de punção venosa. Técnica de evocação livre para etapas do processo hemoterápico evidenciou motivações do grupo para o ato de doação, proximidade com familiares e influência das informações compartilhadas sobre o comportamento de doadores. Identificado distanciamento do recebimento de sangue devido xviii falta de ancoragem em experiências próprias ou de terceiros. Registrado desconforto daqueles que doam sangue. Elementos simbólicos para o ato de doação e de se ter veia puncionada (―sensaçãoruim-desconforto‖, ―menor-dor‖, ―medo-ansiedade‖ e ―agulha-picada‖) retrataram representações semelhantes. Incidência de trauma vascular foi 6,7% com manifestações de dor e equimose. O survey com profissionais evidenciou sentimentos de ―sentir-se avaliado‖, ao longo das etapas da punção, ―alívio‖ ao término da punção e ―apreensão‖ no período de manutenção do acesso venoso. Foram comportamentos emergentes: ―vigilância‖ ao longo das etapas do processo e ―tagarelar‖. Aferição da satisfação dos doadores com a punção evidenciou escores ≥6/10, sendo a menor pontuação atribuída ao tempo de atendimento. Conclui-se sobre a existência de peculiaridades no processo de punção de vasos para fins hemoterápicos quando comparado à sua utilização para outras finalidades, sendo a coerência entre práticas laborais com: boas práticas, educação permanente dos profissionais e controle de eventos adversos que norteiam a reestruturação das ações terapêuticas fatores que justificam a incidência de trauma vascular de 6,7%. As implicações dos resultados para o cuidado de enfermagem, com base na Teoria do Cuidado Transpessoal, evidenciaram a necessidade de ressignificar a realização do processo de punção venosa periférico para as pessoas que o vivenciam e está em coerência com uma assistência de enfermagem que vise proporcionar um momento de cuidado autêntico aos usuários do contexto hemoterápico.