Itinerários de outra razão: perspectivas utópicas no ensaísmo de Natália Correia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Nascimento, Josyane Malta lattes
Orientador(a): Pereira, Maria Luiza Scher lattes
Banca de defesa: Pereira, Terezinha Maria Scher lattes, Pita, António Pedro Couto da Rocha lattes, Jorge, Silvio Renato lattes, Pires, André Monteiro Guimarães Dias lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1575
Resumo: O conjunto de textos que compõem o ensaísmo de Natália Correia foi escrito entre os anos 1940 e 1990. O ensaio perpassa, portanto, toda sua produção artística e intelectual, embora não tenha sido o gênero pelo qual ela se notabilizou como escritora em Portugal. Natália foi, para os portugueses, sobretudo poetisa e deputada, uma figura polêmica e contraditória. Escolhemos seu ensaísmo como universo de análise e reflexão a fim de pensarmos seu projeto literário que, nos ensaios, demonstra uma leitura a contrapelo das grandes propostas cartesianas e iluministas que reinaram como soluções aos problemas humanos. Por se inserirem em um período historicamente difícil em Portugal, os anos do Estado Novo, os ensaios de Natália Correia discutem o problema do autoritarismo e da censura, através de propostas utópicas como comunitarismo, a mística pentecostal da Terceira Idade do Espírito Santo, o feminismo, a mátria e o surrealismo. Com a Revolução dos Cravos, em 25 de abril de 1974, era de se esperar que Natália ficasse satisfeita com a nova situação política, visto que o momento significou o fim da censura e a liberdade de expressão em Portugal. Mas mesmo após a Revolução, percebemos que seu itinerário literário permanece também combatente às grandes ideologias. Durante a redemocratização portuguesa e a afirmação de grandes blocos econômicos – como a zona do Euro –, Natália apresenta-nos sua utopia acerca do Iberismo, entedendo-o como uma comunidade Ibero-afro-americana. Seu percurso ensaístico demonstra, portanto, particularidades de uma escritora que se insere, e se afirma, como uma outra razão, aquela que configura as características da Península Ibérica: mais mística e subjetiva, menos lógica e ordenada. Como o ensaio, que compreende a experiência humana em suas articulações textuais, Natália engendra em sua obra perspectivas utópicas, a partir de um itinerário engajado e, ao mesmo tempo, deslocado.