Fatores associados com atividade e participação de indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crônica em uso de oxigenoterapia domiciliar prolongada: uma análise baseada na classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Evangelista, Deborah Gollner lattes
Orientador(a): Oliveira, Cristino Carneiro lattes
Banca de defesa: Leite, Camila Ferreira lattes, Silva, Vanessa Cardoso lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação e Desempenho Físico-Funcional
Departamento: Faculdade de Fisioterapia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/12446
Resumo: Introdução: Os indivíduos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) em uso de Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada (ODP) apresentam alterações sistêmicas e limitações decorrentes do uso de oxigenoterapia continua. Uma análise sob a ótica da Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) permite mensurar como a capacidade de exercício e a força muscular que fazem parte do componente de Funções e Estruturas do corpo influenciam na limitação de atividades e restrição na participação social, e se as disfunções do componente Atividade e Participação apresentam alguma associação com aspectos de saúde mental, como sintomas de ansiedade e depressão e com a qualidade de vida. Objetivo: avaliar se a capacidade de exercício e a força muscular estão associadas com a atividade física, a atividade de vida diária (AVD) e a participação social; e verificar se há associação entre essas variáveis e sintomas de ansiedade, depressão e qualidade de vida em indivíduos com DPOC estáveis em uso de ODP. Método: Estudo transversal envolvendo indivíduos com DPOC estáveis em uso de ODP. A atividade física foi avaliada pelo acelerômetro Actigraph GT3X® e registrados o tempo e a porcentagem do tempo em atividade física leve (LPA), atividade física de moderada a vigorosa intensidade (MVPA), tempo e porcentagem do tempo sedentário e número de passos por dia. A AVD pelo London Chest Activity of Daily Living (LCADL) e a participação social pelo Assessment of Life Habits (LIFE-H). A avaliação de capacidade do exercício foi realizada por meio do Teste do Degrau de 6 minutos (TD6), a força muscular pela força de preensão manual (FPM), sintomas de ansiedade e depressão e qualidade de vida pelos questionários Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) e Chronic Respiratory Questionnaire (CRQ), respectivamente. Verificou-se normalidade dos dados por meio do Teste de Shapiro-Wilk. Os coeficientes de correlação de Spearman e Pearson foram utilizados para determinar as associações entre as variáveis. Utilizou-se a análise de regressão linear multivariada para avaliar os preditores do nível de atividade física, AVD, participação social, sintomas de ansiedade e depressão e qualidade de vida. O valor de p<0,05 foi considerado para diferenças estatisticamente significantes. Resultados: Cinquenta e sete participantes foram incluídos no estudo. A análise da associação entre os fatores modificáveis de capacidade de exercício e a força muscular com atividade e participação social mostrou que o maior número de degraus escalados no TD6 associou-se com menor limitação durante as AVD no LCADL (ρ=-0,356, p=0,024) e maior participação social no LIFE-H (ρ=0,321, p=0,036). A maior FPM associouse com a atividade física com menor porcentagem de tempo gasto em LPA (ρ= -0,347, p=0,011), maior tempo em MVPA (ρ=0,451, p=0.009), maior porcentagem de tempo gasto em MVPA (ρ=0,483, p= 0.002), menor tempo sedentário (ρ= -0,366, p=0.020). Além disso, maior FPM associou-se com o menor comprometimento da AVD no LCADL (ρ= -0.25, p = 0,054) e melhor participação social no LIFE-H (ρ=0.25, p = 0,059). Maior dependência para realização das AVD no LCDAL e pior participação social no LIFE-H foram associados com sintomas de depressão mais frequentes no HADS (ρ=-0,441, p=0,001; ρ=-0,402, p=0,002). O nível de atividade física, AVD e participação social não apresentaram associação significante com o HADS ansiedade. Maior independência nas AVD e maior participação social associaram-se com melhor qualidade de vida no escore total do CRQ (ρ=-0,322, p=0,018; ρ=0,329, p=0,014). Particularmente, maior independência nas AVD apresentou associação com o menor comprometimento no domínio de fadiga do CRQ (ρ=-0,509, p=0,000) e melhor participação social associou-se com menor comprometimento no domínio de autocontrole do CRQ (ρ=0,358, p=0,007). O nível de atividade física, AVD e participação social não apresentaram associações significantes com os demais domínios do CRQ. Na análise de regressão linear multivariada, o TD6 explicou 16% da variação do número de passos por dia (p = 0,01), 11% da LCADL (p = 0,02) e 10% do LIFE-H (p = 0,03). O LIFE-H e o número de passos por dia explicaram 21,4% da variação da HADS-D (p = 0,042). O LIFE-H e o número de passos por dia explicaram 24,8% da variação da qualidade de vida no escore total do CRQ (p = 0,042). Conclusão: Nos indivíduos com DPOC em uso de ODP, melhor capacidade de exercício e força muscular estão associadas com melhores níveis de atividade física e de vida diária e maior participação social. O comprometimento da atividade física, de vida diária e da participação social em indivíduos com DPOC em uso de ODP está associado a sintomas de depressão mais frequentes e pior qualidade de vida