Biogeografia de Epífitas Vasculares na Serra da Mantiqueira, Sudeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Furtado, Samyra Gomes lattes
Orientador(a): Menini Neto, Luiz lattes
Banca de defesa: Couto, Dayvid Rodrigues lattes, Luizi-Ponzo, Andrea Pereira lattes, Machado, Talita Mota lattes, Ramos, Flavio Nunes lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós Graduação em Biodiversidade e Conservação da Natureza
Departamento: ICB – Instituto de Ciências Biológicas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/11900
Resumo: Compreender e mapear padrões de distribuição de espécies é fundamental para a biogeografia e a ecologia, além de subsidiar ações de conservação. As epífitas são um grupo funcional com elevada riqueza e abundância em florestas neotropicais, além da sensibilidade às variações ambientais, tornando-as bom modelo no estudo de padrões de distribuição. A Floresta Atlântica (FA) é um dos hotspots mundiais de biodiversidade e é o domínio fitogeográfico brasileiro com maior riqueza e endemismo de epífitas. O Domínio Atlântico apresenta considerável amplitude altitudinal, principalmente na porção sul, e a Serra da Mantiqueira (SM) é uma cadeia montanhosa com as maiores cotas altimétricas. Na SM, a partir de 1200m de altitude, ocorrem as florestas nebulares, caracterizadas pela constância de névoa e destacada presença de epífitas, e um subtipo, as nanoflorestas, estão ameaçadas pelas mudanças climáticas globais. Para conhecer e compreender os padrões de distribuição e riqueza de epífitas vasculares em diferentes escalas, a tese é apresentada em três capítulos. O capítulo um objetivou refinar o mapeamento da distribuição da riqueza e endemismo de epífitas vasculares e compreender os fatores abióticos responsáveis pela riqueza e substituição de espécies no Bloco Sul da Floresta Atlântica (BSFA). Para isso foram utilizados bancos de dados e gerados dois Modelos de Dissimilaridade Generalizada (GDM). Foram encontradas quatro regiões apresentando alta riqueza e endemismo e confirmado um gradiente de riqueza e substituição de espécies entre as áreas costeiras e interioranas, assim como entre as regiões de baixada e montanhosa. Os principais preditores obtidos nos GDMs foram a distância geográfica, cobertura de nuvens e sazonalidade de temperatura. A heterogeneidade topográfica e respectivas mudanças climáticas são responsáveis por aumentar a riqueza e substituição de espécies de epífitas vasculares na BSFA. No capítulo dois, o objetivo foi listar as espécies de epífitas vasculares presentes nas florestas nebulares da SM. Foram realizadas coletas ao longo da cadeia montanhosa e compilação de banco de dados. As florestas nebulares da SM 7 apresentaram 678 espécies, algo em torno de 20% e 30% das espécies brasileiras e da Floresta Atlântica, respectivamente. As famílias mais ricas, Orchidaceae, Bromeliaceae e Polypodiaceae confirmaram os padrões obtidos em diferentes escalas. Um grande número de espécies ameaçadas nos níveis nacional e estaduais ressaltam a importância de conservação dos remanescentes existentes na SM. No capítulo três, os objetivos foram investigar a distribuição de riqueza e composição de espécies ao longo do gradiente altitudinal nas nanoflorestas da SM e avaliar a influência de variáveis climáticas e topográficas. Foram estabelecidas parcelas ao longo da SM em diferentes altitudes para a investigar a distribuição nas escalas local e regional. A riqueza de espécies foi comparada através de rarefação e a composição foi avaliada por análise de similaridade e correlação com fatores ambientais. Na escala local não foram encontrados picos intermediários de riqueza, mas, regionalmente, a faixa altitudinal entre 1500m e 1700m apresentou maior riqueza, principalmente comparada a faixas acima destas, onde as baixas temperaturas atuam como um filtro ambiental, limitando a riqueza mesmo com maior precipitação. Ao longo da SM a composição é afetada por diferenças climáticas relacionadas a sazonalidade, agrupando parcelas da mesma localidade, mesmo com a distância geográfica não sendo um fator significativo. Os resultados apresentados aqui oferecem um ponto de partida para a observação de padrões na riqueza e composição de espécies em gradientes altitudinais diante das mudanças climáticas globais.