Albert Camus – do silêncio de Deus à santidade sem Deus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Lins, Rafael de Castro lattes
Orientador(a): Cabral, Jimmy Sudário lattes
Banca de defesa: Pires, Frederico Pieper lattes, Cabral, Alexandre Marques lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/6780
Resumo: O trabalho de pesquisa concentrou-se na análise de seletas obras do literato franco-argelino Albert Camus, com vistas no trato camusiano ao que tange o imaginário religioso cristão do século XX. Inicialmente, fez-se uma passagem analítica pelo Teatro do Absurdo – as peças Calígula e O Equívoco – a fim de retratar a concepção camusiana da divindade cristã sob o prisma da negação. O passo seguinte concentrou-se sobre o romance A Peste, à procura da percepção camusiana acerca da santidade sem Deus. No Teatro do Absurdo Deus fora representado em termos de silêncio, instituindo assim uma forma peculiar de escatologia negativa. No romance A Peste o silêncio de Deus precede e impele à santidade sem Deus. Nesse sentido, a pesquisa pôde realçar o itinerário lítero-dramático a partir do silêncio de Deus à santidade sem Deus. Os conceitos basilares do pensamento camusiano, Absurdo e Revolta, foram delimitados no que diz respeito à religião cristã e reduzidos, portanto, aos aspectos do silêncio e da santidade. Ao retratá-la em termos de opacidade, a Pergunta Deus fora abandonada no Teatro do Absurdo para dar lugar à pergunta pela santidade sem Deus em A Peste. Sob a influência da Guerra, Camus esboçou um mundo em ocaso, regido por forças trágicas, e acima dele um Deus omisso que se cala diante do espetáculo da morte. Não obstante, para Camus a Revolta é o único resultado lógico da constatação do Absurdo, por isso A Peste traduz-se em seguir moralmente em oposição à miséria e à morte, sem esperar de Deus senão o seu silêncio. Neste rompante de resistência à morte desponta o personagem tipo do romance, o Santo sem Deus. Por último fitou-se a moral do Santo sem Deus. Provida de compaixão e destituída de esperanças, a moral do Santo camusiano nasce da experiência sensível com o sofrimento, ela se sustém essencialmente sobre o horror à morte e o escândalo inexpiável na presença do mal.