Ôh, Madalena... : uma análise sociológica das representações de mulheres negras sobre o trabalho doméstico, em Dourados - MS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, Almerinda Ribeiro dos lattes
Orientador(a): Menegat, Alzira Salete lattes
Banca de defesa: Aguiar, Marcio Mucedula lattes, Ferreira, Aldenor da Silva lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Sociologia
Departamento: Faculdade de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/5164
Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo principal compreender as representações que as mulheres negras têm de si. Para isso, observou-se o trabalho doméstico que elas realizam em residências na cidade de Dourados, estado de Mato Grosso do Sul, procurando compreender como elas se percebem na condição de trabalhadoras, e se nesse espaço são mantidas as estruturas hierárquicas impostas pelo pensamento racista que ainda está presente na sociedade. Procuramos dar destaque também para a Lei complementar n°150, de 01 de junho de 2015, a qual reconhece o trabalho doméstico como atividade produtiva e garante seguridade para as pessoas que atuam nessa profissão, permitindo-nos levantar a problemática acerca da implementação da Lei que, acima de tudo, visa garantir a dignidade dessas trabalhadoras. A compreensão da temática apoiou-se em conceitos centrais como: gênero, racismo estrutural, interseccionalidade, e representação, com base em estudos de autores como: Ribeiro (2019), Akotirene (2019), Davis (2016), Scott (1995), Hall (2016), dentre outros, essenciais para discussão e desenvolvimento da pesquisa. No que tange aos aspectos metodológicos, trata-se de uma pesquisa qualitativa, com dados coletados por meio de entrevistas com quatro mulheres, o que possibilitou compreender suas trajetórias e as percepções que constroem em relação a si e ao trabalho que realizam. Os resultados obtidos com as entrevistas possibilitaram o entendimento do que permeia o imaginário das trabalhadoras, acerca das relações ambivalentes entre elas, com as patroas e com a sociedade. Embora experiências negativas tenham sido confirmadas por meio da constatação de que a desvalorização do trabalho doméstico ainda persiste, nossas entrevistadas acreditam no poder da educação e buscam se reinventar na luta por reconhecimento e pela desconstrução de estereótipos, buscando ressignificar a própria identidade. Elas refizeram suas antigas jornadas de trabalho, reelaboraram modelos, lembraram de quando eram mensalistas e assumiam longas jornadas de trabalho, repletas de atividades e com baixa remuneração, e comentaram sobre a passagem para o sistema de diárias. Com esse sistema, produziram autonomia, no que se refere a definição da jornada, das atividades a serem executadas e da remuneração pelo trabalho, uma mudança que traz, em si, contradições, pois, se por um lado gerou autonomia, por outro, as distanciou das garantias asseguradas pela legislação. No entanto, essa mudança aponta para resistências diante da exploração, bem como para a necessidade de se refazer o entendimento acerca do trabalho doméstico, que ainda carece de reconhecimento social efetivo, como atividade produtiva no mundo do trabalho.