Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Zavala, Carmen Beatriz Reiss
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Orientador(a): |
Pereira, Zefa Valdivina
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Banca de defesa: |
Sangalli, Andréia
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Fróes, Caroline Quinhones
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Fernandes, Shaline Sefara Lopes
,
Silva, Sandro Menezes
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Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Grande Dourados
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de pós-graduação em Ciências e Tecnologia Ambiental
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Departamento: |
Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/5705
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Resumo: |
As florestas tropicais deciduais brasileiras estão restritas a fragmentos cada vez menores, ameaçadas por atividades antrópicas, e muitas das suas peculiaridades são ainda pouco conhecidas. Na borda oeste do limite legal entre o Cerrado e o Pantanal Sul-matogrossense, o Parque Nacional da Serra da Bodoquena protege uma área de 77.021,58 ha distribuída em dois fragmentos alongados no sentido norte-sul e, deste total, 91% correspondem ao tipo Floresta Estacional Decidual Submontana, havendo conexão das bordas florestais com as savanas (Cerrado). O substrato de rochas calcárias ocorre em grande parte do terreno, principalmente nas elevações topográficas, entre 300 m e 800 m de altitude. Todas estas características tornam esta vegetação ainda mais especial, e, para esta região, isso implica em grande relevância ecológica, social e econômica. Dentro do PARNA, a área conhecida como “sumidouro” ou “cabeceira” do rio Perdido possui áreas com pastagens de braquiária, abandonadas após a implementação da proteção legal, e têm apresentado resiliência insuficiente para que ocorra regeneração natural, necessitando de intervenção para a restauração ecológica. Esta tese foi proposta com os objetivos de conhecer a composição e a estrutura da comunidade arbustivo-arbórea desta floresta decidual sobre gradiente altitudinal de relevo cárstico, levantando suas características ecológicas, e avaliar duas técnicas de restauração de baixo custo sobre esta pastagem, visando atender às necessidades da região. As pesquisas geraram três artigos, que estão assim organizados para melhor sistematização das informações e do conhecimento aqui produzido. Os dados brutos passaram por tratamentos estatísticos, uni e multivariados, para testar nossas hipóteses de trabalho. No primeiro artigo, levantou-se e avaliou-se a composição, a estrutura e a diversidade do componente arbustivo-arbóreo de uma parcela de 1,02 ha desta floresta, seguindo o gradiente altitudinal. Para compreender os efeitos da topografia sobre a vegetação, três posições no relevo foram amostradas, sendo uma na parte mais alta (topo), uma intermediária (encosta) e outra na parte baixa (base). Como resultado, na área total foram amostrados 2.385 indivíduos pertencentes a 70 espécies, 49 gêneros e 29 famílias. A densidade foi crescente em direção à parte baixa do relevo. A diversidade e a equabilidade foram maiores no topo, seguido da base. Os diâmetros se concentraram na primeira classe, até 13,1 cm, e a média de alturas foi de 5,25 m, com predomínio de sub-bosque. Algumas espécies amostradas ainda não possuíam registro para a região. A análise exploratória de ordenação revelou maior distância das parcelas e espécies do topo do morro em relação às parcelas e espécies das duas áreas de encosta. Verificou-se, nesta etapa, que a topografia influenciou a heterogeneidade florístico-estrutural observada. No segundo artigo, foi acompanhada a dinâmica de emergências no banco de sementes em canteiros com e sem transposição de topsoil da floresta amostrada, seguindo com as mesmas três posições topográficas, sob duas graduações de sombreamento e o pleno sol. Na área total, foram observados e identificados 1877 indivíduos de 82 espécies e 45 famílias. A posição topográfica foi geradora de grande heterogeneidade florística mesmo sendo as áreas muito próximas, com similaridade de apenas 20% da base com as demais áreas. A diversidade foi elevada em todas as faixas topográficas, com H’ 3,45 e J’ 0,78 na área total. O número de recrutamentos foi maior na encosta. O sombreamento, principalmente no nível de 50%, influenciou positivamente a abundância e a riqueza de espécies em todas as áreas. A adição de topsoil permitiu incremento de 68,3% de espécies, comparativamente ao banco do solo presente na pastagem, e foi responsável por 89% da abundância de plântulas. Houve heterogeneidade ecológica ao longo do gradiente, e no total predominaram as espécies arbustivo/ arbóreas (67,3%), pioneiras (58,6%) e zoocóricas (53,9%). A técnica de transposição de topsoil se mostrou promissora para a restauração de floresta sobre pastagem de gramínea braquiária, principalmente se for associada ao sombreamento e se forem respeitadas as características das espécies quanto às suas exigências ambientais. No terceiro artigo foi avaliado o potencial de uso de 15 espécies arbóreas, da transição savana-floresta decidual, na semeadura direta, e as consequências das interações entre variáveis abióticas (topografia, sombreamento, topsoil e tempo de observação) e bióticas (potencial de emergência e estabelecimento de plantas) em seis tratamentos, sob três posições no relevo. Adicionalmente, foram analisados os efeitos da precipitação e da herbivoria sobre a dinâmica. Para o plantio em linhas foram utilizadas 720 sementes de cada espécie. As taxas de emergência variaram de 0,5% a 50,5%, e a mortalidade total ao final da avaliação foi de 45%. O tempo de observação e o sombreamento influenciaram a emergência, porém o acréscimo de topsoil nos canteiros não apresentou resultados importantes nesta etapa do desenvolvimento. A precipitação teve correlação positiva com a emergência, enquanto a mortalidade teve correlação positiva com a herbivoria. As espécies tiveram comportamentos variados frente aos tratamentos, mas com semelhanças intra-taxonômicas. A topografia não afetou significativamente a composição e abundância do conjunto de espécies analisadas. Preferências ambientais e herbivoria serviram de filtros ecológicos para a comunidade resultante. Os resultados deste trabalho reforçam a premissa de elevada variação na biodiversidade de florestas e savanas tropicais como consequência dos fatores que as afetam. A restauração ecológica aliada ao conhecimento da biodiversidade é instrumento importante e necessário para restabelecer os processos ecológicos de áreas perturbadas, pois auxilia na retomada dos serviços ecossistêmicos e, posteriormente, na conservação e manutenção do equilíbrio ambiental, beneficiando, inclusive, as atividades produtivas humanas. |