Caracterização dos custos diretos e indiretos de dengue em Mato Grosso do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Machado, Alessandra Aparecida Vieira lattes
Orientador(a): Negrão, Fábio Juliano lattes
Banca de defesa: Simionatto, Simone lattes, Medeiros, Elias Silva de
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Ciências da Saúde
Departamento: Faculdade de Ciências da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/1488
Resumo: Introdução: Os registros de epidemias de Dengue no Brasil são frequentes, a gravidade dos casos e o número de hospitalizações têm aumentado, impactando negativamente a economia. No período de 2016 e 2017, 68,9% e 43,4% de todos os casos registrados na América Latina ocorreram no Brasil. Estudos demonstram que os gastos públicos e privado somente com internações podem consumir até 2,5% do Produto Interno Bruto do município durante uma epidemia. Mato Grosso do Sul tem apresentado altas incidências da doença nos últimos anos, contudo até o presente momento, não existem estudos sob o impacto econômico da dengue sob a perspectiva da sociedade que incluam o Estado. Objetivos: Estimar o impacto econômico da dengue sob a perspectiva da sociedade, por meio da análise dos custos diretos e indiretos gerados em decorrência da doença; realizar levantamento dos custos médicos diretos e indiretos, no atendimento aos pacientes com diagnóstico de dengue hospitalizados ou acompanhados ambulatorialmente no setor público e privado, estratificando os custos por faixa etária. Material e Métodos: realizamos uma coorte prospectiva, utilizando a perspectiva da sociedade com abordagem do tipo bottom-up durante o período não epidêmico de março de 2016 a dezembro de 2017 no município de Dourados - MS. A amostra foi do tipo não probabilística e o local de triagem dos pacientes ocorreu em 05 instituições: 03 hospitais, 01 Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e 01 Posto de saúde. Durante a coorte, foram coletadas informações sócio-econômicas e epidemiológicas, e também relacionadas aos custos diretos (médicos e não médicos) e custos indiretos. Resultados: Com base nos resultados obtidos, foram escritos 02 artigos: no primeiro, abordamos os casos de pacientes hospitalizados e que usaram hemoderivados. Dentre os 323 pacientes acompanhados, 52 foram transfundidos, dos quais 52% fora dos critérios recomendados pela OMS (n = 27) e 271 não foram transfundidos, sendo que 4,4% (n = 12) apresentavam critérios para transfusão. Os custos de hospitalização foram 41% maiores no grupo transfundido sem critério do que naqueles com critérios (mediana de US$ 674,3 vs US $ 478 p = 0,293). A análise multivariada utilizando tempo de internação hospitalar e os custos como variável dependente demonstraram que receber transfusão aumentou o tempo de internação em 1,29 dias (p = 0,0007; IRR = 1,29), e os custos foram 5,1 vezes maiores do que entre àqueles que não foram transfundidos (IRR = 5,1; p <0,001; mediana US $ 504,4 vs US $ 170,7). O segundo artigo, descreve os custos diretos e indiretos dos casos ambulatoriais e hospitalizados estratificados por faixa etária e por sistema de saúde (público ou privado). Os custos dos casos hospitalizados e ambulatoriais corresponderam respectivamente a 84,3% e 29,7% da renda familiar mensal. O custo médio dos casos ambulatoriais e hospitalizados no setor público foi US$ 109 (DP 117) e US$ 322 (DP 361,4), respectivamente. No setor público os custos foram US$ 170,6 (DP 199,7) nos casos ambulatoriais e US$ 444 (DP422,1) nos hospitalizados, diferença estatisticamente significante (p<0,05). A maioria dos casos ocorreu entre adultos (76%). Conclusão: A dengue gera uma grande perda na renda familiar e a não utilização dos critérios de transfusão recomendados pela OMS pioram esse cenário. Os resultados obtidos poderão contribuir com estudos de custo-efetividade pois disponibiliza informações valiosas para a sociedade e gestores que os auxiliarão na tomada de decisões no gerenciamento de recursos para a utilização de novas tecnologias no combate contra a dengue e seu vetor.