Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Martins, Adriano Carvalho
 |
Orientador(a): |
Menegat, Alzira Salete
 |
Banca de defesa: |
Coelho, Fabiano
,
Guillén Carías, Maria Gabriela
 |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Grande Dourados
|
Programa de Pós-Graduação: |
Programa de pós-graduação em Sociologia
|
Departamento: |
Faculdade de Ciências Humanas
|
País: |
Brasil
|
Palavras-chave em Português: |
|
Palavras-chave em Inglês: |
|
Área do conhecimento CNPq: |
|
Link de acesso: |
http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/3852
|
Resumo: |
Esta pesquisa teve como objetivo compreender a Feira de Sementes Nativas e Crioulas e Produtos Agroecológicos de Juti, município localizado no estado de Mato Grosso do Sul (MS), no âmbito da pequena produção de alimentos, analisando a rede de sociabilidades e de intercâmbio de saberes que vem produzindo, no resgate e propagação de práticas tradicionais de produção e troca de sementes crioulas. Buscamos compreender em que sentido a feira configura-se na autonomia do saber-fazer dos pequenos produtores que dela participam, dos quais parte significativa são dos assentamentos rurais e das comunidades indígenas de Juti. A feira acontece num evento anual, na cidade de Juti, reunindo um público e um conjunto de experiências heterogêneas, organizada numa rede de sujeitos para o resgate, a promoção e a propagação das sementes crioulas. Para a pesquisa, fez-se uma análise bibliográfica dos referenciais teóricos sobre o tema, bem como realizou-se uma pesquisa documental para inicialmente compreender o histórico da feira, que em 2019 esteve na décima quinta edição. Foram identificados e analisados também documentos, como os cartazes de divulgação de cada edição do evento, bem como fotografias e notícias veiculadas pelos jornais regionais, dentre eles O Progresso, compreendendo a organização das edições. Num segundo momento da pesquisa, realizaram-se entrevistas com 9 participantes e membros da organização da feira, sendo: quatro pessoas assentadas/organizadoras da feira; duas professoras universitárias, dois membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT), e um membro da Associação de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul. As entrevistas foram gravadas e precederam de questionário com perguntas abertas, procurando compreender como vem sendo organizada a feira em suas diversas edições, analisar seu alcance para a pequena produção bem como identificar mudanças. No que toca às entrevistas, parte delas ocorreram na forma presencial, ouviram-se e gravaram-se os relatos, fazendo uso de roteiro semiestruturado. Já com as pessoas distantes de Dourados e que atuam/participam da feira, fez-se uso do sistema WhatsApp, garantindo ouvir sujeitos que têm feito o espaço da feira acontecer e/ou dele participam em suas diversas edições. Os resultados da pesquisa mostraram que a feira de Juti nasceu de uma rede de sujeitos, especialmente, da Comissão Pastoral da Terra, em conjunto com as pessoas de assentamentos rurais do município, sendo as mulheres suas principais protagonistas. No decorrer das edições da feira, houve a incorporação de novos sujeitos, dentre eles as pessoas das comunidades indígenas de Juti e de representantes institucionais, como da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). A ampliação da rede fortaleceu as teias, propiciando meios para longevidade e periodicidade do evento, mas imprimiu também mudanças em sua estrutura. No entanto, mesmo com reorganização, a feira ainda mantém a finalidade de sua criação, isto é, a de propagar meios para a manutenção das sementes crioulas, numa prática de resistência e de visibilidade da pequena produção, demarcando autonomia sobre seus saberes e experiências, que, na feira, são compartilhadas e fortalecidas nos diversos espaços que constituem o evento, como: oficinas, trocas de sementes, palestras, relatos de experiências e conversas informais, entre participantes. É um evento que tem ainda as mulheres como protagonistas, colocando-as como as principais guardadoras de sementes, aquelas que nutrem a lógica da partilha. Enfim, o estudo aponta a feira como espaço de fortalecimento e de troca dos saberes, de quem produz sementes e também as compartilha nos dias da feira para que se tornem alimentos. Muitas são as partilhas que nos dias do evento acontecem e seus participantes se fortalecem e produzem resistências, combustíveis que revigoram para continuarem na pequena produção, garantindo seguridade para seus saberes e autonomia. |