Mulher A’uwẽ-Xavante e o trabalho de existir — subjetivações políticas e relações de poder na retomada da terra indígena Marãiwatsédé

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Martins, Sckarleth Alves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Goiás
Faculdade de Informação e Comunicação - FIC (RG)
Brasil
UFG
Programa de Pós-graduação em Comunicação (FIC)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/12110
Resumo: Esta pesquisa descreve a configuração específica do saber-poder sobre a experiência da luta pela Terra Indígena Marãiwatsédé, do Estado de Mato Grosso, na imbricação histórica entre aldeamento-trabalho, subsumidas no enunciado da preservação ambiental. Dessa maneira, dedica-se ao que se reconhece como novo modo de subjetivação das mulheres A’uwẽ-Xavante a partir do marcador de singularização: mulher-indígena-trabalhadora. A trajetória de luta pela terra deste grupo A’uwẽ é entendida sob a luz a emergência do acontecimento e, dessa forma, é uma ruptura definitiva que induz a reconfiguração dos arranjos de saber-poder e no domínio das subjetivações. Assim, descreve-se o diagrama de poder que atravessa a experiência desse grupo indígena enquanto resultado da reconfiguração que a matéria passa a ter quando da emergência ética ecológica, que suscitaria novas práticas e novos modos de auto-constituição por parte dos sujeitos. A pesquisa utiliza da visibilidade lançada sobre a mulher A’uwẽ enquanto constituição da agência de um feminino específico no processo de retomada territorial. A participação dessas nos coletivos de coleta de sementes da Associação Rede de Sementes do Xingu, portanto, seria um indício de algo maior, melhor estruturado, que provocaria um procedimento de constituição de si por parte das mulheres, uma vez que postas em relação de poder desiguais. Cabe perguntar, por que, diante de inúmeras formas de ser, é-se provocada a subjetividade indígena da mulher A’uwẽ no processo de retomada territorial e prontamente alocada na condição de trabalhadora? Para alcançar a matriz do estrato que se investiga, portanto, busca-se localizar o gesto na articulação entre poder-saber-subjetividade na relação das indígenas consigo mesmas, com o outro e com o mundo, a partir de verdades culturalmente atribuídas, impostas pela ética religiosa, colonizadora, pedagógica e, mais atualmente, ecológica. Dessa maneira, são apresentadas as estratégias de aldeamento e de uso da mão-de-obra escrava indígena no Brasil colônia, à virada ética que esta prática sofreu na redemocratização, e a instituição do socioambientalismo como uma da chave de leitura historicamente constituídas que atendem a uma urgência, também, histórica. Portanto, do empreendimento arquegenealógico, são os jogos de poder, as pequenas resistências, as viradas éticas e os processos de constituição de si que interessa a este trabalho. Parte-se de um levantamento documental sobre as lutas concretas dos indígenas no Brasil, suas estratégias de luta e procedimentos de resistência criativa; a emergência ética ecológica perpassando por diversos agenciamentos, construções e desconstruções que o povo de Marãiwatsédé realizou na elaboração de si; dos agenciamentos do desejo de pertença ao território; das práticas de si e da luta pela vida para descrever os procedimentos de superação de si e da produção do novo.