O fantástico como performance cultural

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Tibery , Pedro Henrique Saad
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Goiás
Faculdade de Ciências Sociais - FCS (RMG)
Brasil
UFG
Programa de Pós-graduação em Performances Culturais (FCS)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/13792
Resumo: A literatura fantástica é reconhecida por tematizar de diferentes formas o encontro do ser humano com o inconcebível. Após gerações de escritores do gênero, o efeito fantástico de medo e/ou inquietude radical passou por ambientações exóticas como as de H. P. Lovecraft e por cenários mais corriqueiros, cotidianos, como os de Murilo Rubião, escritor mineiro do século XX. Nessas transformações, David Roas, crítico literário catalão, percebe que as tematizações do fantástico revelam fenômenos socioculturais, pois o encontro fantástico depende de variáveis socioculturais contextuais para acontecer, como o conhecimento circulante, as relações de poder e, sobretudo, a capacidade explicativa de um sujeito ou sociedade. Afinal, a inquietude radical proveniente do encontro com o inexplicável dependerá prévia e fundamentalmente de que exista algo inexplicável. Assim, partindo do pressuposto de que, na vida social, fora do livro literário, sempre haverá o inexplicável, pois é pragmaticamente impossível que alguém, indivíduo ou grupo, saiba de tudo, o fantástico se coloca como potencial circunstância em diversos contextos: basta que um sujeito se depare com algo que, apesar de afetar diretamente sua vida, seja incompreensível, desafie sua lógica, sua habilidade explicativa, isto é, faça esse sujeito desejar profundamente a inconteste irrealidade desse algo. Portanto, para mostrar esse entendimento possível do fantástico como um fenômeno sociocultural, extratextual, busca-se compreendê-lo como uma performance cultural. Para tanto, esta pesquisa parte de três versões do universo ficcional criado pelo contista mineiro sintetizando-as na noção de absurdo-fantástico, que depois será articulada à de performances culturais. A partir disso, espera-se sugerir cursos investigativos sobre potenciais encontros entre o ser humano e o inconcebível, em diferentes sociedades, revelando, em cada contexto, informações preciosas muitas vezes ocultas a um olhar desatento. Com essa proposta, espera-se alargar o campo de estudos interseccional entre literatura e performance, haja vista que ainda é jovem, mas bastante promissor; e contribuir com as pessoas que querem manter o espanto em dia, acirrar o estranhamento tão necessário diante das atrocidades que são feitas cotidianas à força da propaganda, da coerção, da ignorância, infelizmente. Nesse viés, perceber o fantástico na vivência é recusar-se a aceitar o inconcebível apenas por ser explicável, por isso teorizar sobre o fantástico como uma performance cultural pode torná-lo útil como ferramenta discursiva e conceitual – uma utilidade que será exemplificada mediante um diálogo com a análise que Luciene Dias e Ralyanara Freire fazem do lesbocídio de Luana Barbosa dos Reis como uma performance urbana do horror.