Análise espaço-temporal do HIV no Estado de Santa Catarina: 2008-2017

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Tombini, Larissa Hermes Thomas
Orientador(a): Kupek, Emil
Banca de defesa: Hallal, Ana Luiza Curi, Nedel, Fulvio Borges, Nascimento, Ederson do
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
HIV
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/3832
Resumo: A presente tese foi desenvolvida com o objetivo geral de analisar a distribuição espaçotemporal do HIV no Estado de Santa Catarina, Brasil, no período 2008-2017. Para tanto, realizou um estudo longitudinal retrospectivo, com análises no nível individual e de municípios e, portanto, também ecológico, a partir de dados de casos de HIV e de aids provenientes dos sistemas de informação em saúde de vigilância de casos (SINAN), de mortalidade (SIM) e de monitoramento laboratorial (SISCEL). Os dados foram compilados através de relacionamento probabilístico, com registros vinculados por um identificador pessoal único, para a identificação da totalidade de casos. Como resultados foram identificados 67.340 registros: 29.734 (44,2%) pelo SINAN, 5.540 (8,2%) pelo SIM e 32.066 (47,6%) pelo SISCEL. Após o relacionamento de bancos, o tamanho da população de HIV foi de 45.707 indivíduos com HIV no estado, no período. O primeiro objetivo específico foi estimar o número de indivíduos com idade entre 15 e 79 anos com HIV em Santa Catarina, Brasil, no período de 2008 a 2017, agregando aos casos identificados, os possíveis casos subnotificados. Estimativas de captura-recaptura foram obtidas por modelagem log-linear com os principais efeitos e interação entre os sistemas de informação, ajustados por idade, sexo e período. Um ajuste para a subnotificação de mortes relacionadas à aids utilizou dados publicados sobre causas mal definidas de morte, e mortalidade por causa relacionada ao HIV. Neste estudo, foram agregados 44 indivíduos pela captura-recaptura, e 1.512 mortes não relatadas relacionadas à doença pelo HIV, estimando total de 47.263 indivíduos infectados pelo HIV (IC 95% 47.245-47.282) e incidência correspondente de 93 (IC de 95% 91-96) p/100 mil em Santa Catarina. A apuração de casos de 62,9%, 78,5% e 67,8% foi estimada para SINAN, SIM e SISCEL, respectivamente. A partir dos casos identificados pelos sistemas (45.707 casos), taxas de incidência segundo subgrupos de análise orientaram a descrição da distribuição espaço-temporal da incidência do HIV em Santa Catarina, Brasil, 2008-2017, segundo objetivo especifico desta tese. Para tanto, os casos foram geograficamente referenciados segundo municípios de residência, e ajustados por modelo estatístico de Poisson que considerou aspectos individuais, socioeconômicos e demográficos no nível municipal. A análise estatística identificou a alta incidência do HIV em Santa Catarina, com maior taxa em homens entre 25-54 anos em todos os períodos analisados. Destaque para o aumento significativo em homens jovens (15-24 anos) no último período, em todas as macrorregiões de saúde. A distribuição espacial da incidência por município e período se mostrou heterogênea, com maiores incidências nos municípios do litoral catarinense. A identificação dos efeitos de fatores individuais, socioeconômicos e demográficos no nível municipal, na incidência do HIV foi o terceiro objetivo específico deste trabalho. Este, foi conduzido em acordo a um estudo ecológico, com abordagem espaço-temporal. Regressão de Poisson multivariada e multinível identificou os efeitos fixos e randômicos dos fatores em análise na incidência do HIV. Para análise espacial, as taxas foram suavizadas pelo estimador bayesiano empírico local. Índices Moran global e local identificaram a dependência e a autocorrelação espacial local. O estudo reafirmou o sexo masculino e faixa etária de 25-54 anos como fatores de risco para o HIV, assim como o grau de urbanização, a densidade demográfica, o IDH do município, a taxa de desemprego e a macrorregião de residência. A análise da autocorrelação espacial revelou aglomerados espaciais de alta incidência localizados principalmente na região litorânea, em todos os períodos. Considerados os achados conclui-se que: diante da subnotificação dos sistemas de informação identificada, o relacionamento de bancos para vinculação de dados deve ser rotina na vigilância em saúde no nível estadual; diante da persistência da alta incidência do HIV no estado, e da tendência de aumento principalmente entre os homens jovens das macrorregiões litorâneas, devem ser reorientadas e reforçadas as ações de prevenção nesta população. Ainda, ao identificar que a maior variação da incidência do HIV dada pelos efeitos randômicos (por outros efeitos relevantes, porém não disponíveisno banco de dados) ocorre no nível municipal, sugere-se o desenvolvimento pesquisas futuras de identificação de outros fatores de nível municipal relacionados à incidência do HIV.