Resumo: |
A presente pesquisa visa contribuir para o aprimoramento de uma das frágeis dimensões da avaliação em larga escala no Brasil, qual seja, as devolutivas da Prova Brasil ao público diretamente implicado por ela, professores, estudantes e equipe gestora e pedagógica. Associa-se, nessa perspectiva, aos referenciais teóricos que contestam a responsabilização verticalizada das escolas e seus agentes e seus efeitos nefastos de pressão sobre o magistério e lógica concorrencial, inscrevendo-se, nesse sentido, à perspectiva proposta por Freitas (2016), de uma visão alargada do sistema de avaliação. Desse modo, propõe um novo modelo de apresentação dos resultados da avaliação por escola, que permita um olhar da instituição para si, mediante informações específicas e significativas para os sujeitos implicados no processo avaliativo. Esse novo modelo de relatório considera a pertinência das escolas receberem resultados compreensíveis sobre o desempenho de seus estudantes na Prova Brasil, dialogando, nesse sentido, com estudos que constatam o reduzido impacto dos resultados no processo de aprendizagem (VIANNA, 2003) ou a alienação no complexo processo de assimilação dos resultados (SILVA, 2010). Para a consecução desse objetivo, fez-se necessário um abrangente estudo sobre a Prova Brasil, tendo como aporte metodológico o inventário de fontes documentais e a revisão bibliográfica do tema. Por meio do inventário, foi possível conhecer as diferentes fases pelas quais passou a Prova Brasil, seu processo de institucionalização e caracterização dos seus diferentes ciclos. Por meio da revisão bibliográfica foi possível depreender as principais abordagens, bem como o mapeamento das produções científicas preocupadas com a apresentação, divulgação e resultados dessa avaliação. Nas etapas subsequentes, a pesquisa evidencia os componentes da Prova Brasil e os elementos associados à produção e publicação dos seus resultados por escola, bem como as descrições, informações e análises sobre os elementos que orientam os testes. Para tanto, fez-se necessário o aprofundamento teórico sobre os principais conceitos e teorias que dão sustentação ao atual modelo gerado pelo INEP, dentre os quais a Teoria de Resposta ao Item; o conceito de Matriz de Referência e Descritores e Escalas de Proficiência e Níveis de Proficiência, tendo em Andrade, Tavares e Valle (2000) referência que contribui para o entendimento da TRI e a perspectiva da comparabilidade, em detrimento dos resultados específicos das escolas. Além disso, no percurso metodológico de construção do novo modelo de relatório por escola, a pesquisa expõe a base de microdados, que se configura como a sua principal fonte, examinando as suas possibilidades de processamento das informações voltadas ao modelo de relatório proposto. Para isto, a pesquisa orienta-se em importantes referenciais das áreas de Banco de Dados (DATE, 2000), Planilhas Eletrônicas (COTTINGHAM, 1999) e Estatística (TRIOLA, 1998). Por fim, conclui que o modelo aqui proposto, complementar ao do INEP, contribui para aproximar os resultados das avaliações às instituições de ensino e à sua comunidade escolar, atendendo, assim, a objetivos distintos do relatório disponibilizado pelo INEP, pois, não visa a uma comparação temporal, ranqueamento, nem de atingimento das metas governamentais, antes, preocupa-se com os resultados alcançados mediante os conteúdos curriculares avaliados na Prova Brasil. |
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