Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Slevinski, Gabriel Bedin |
Orientador(a): |
Valério, Mairon Escorsi |
Banca de defesa: |
Ribeiro, Renilson Rosa,
Gritti, Isabel Rosa,
Ribeiro Júnior, Halferd Carlos |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Fronteira Sul
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas
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Departamento: |
Campus Erechim
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/4212
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Resumo: |
As memórias são composições dos contextos políticos, sociais, culturais, econômicos de cada época. Mediante essa complexa teia, esta pesquisa tem como objetivo geral investigar as representações sociais que circulam nos monumentos que celebram a memória oficial de Chapecó, SC: O Desbravador (1981) e Monumento Chapecó 100 Anos (2017), ambos inaugurados em datas festivas, por ocasião das comemorações de aniversário de 64 anos da cidade e de 100 anos de emancipação política e administrativa do município respectivamente. Nessa intenção estão implicados objetivos específicos que possibilitem compreender a relação memória, poder e identidade; identificar discursos, símbolos, sujeitos e práticas sociais presentes e silenciadas pela memória oficial de Chapecó; problematizar as práticas sociais celebradas, mediante as realidades mais dinâmicas e plurais com as quais as memórias se revestem. A metodologia envolve pesquisa bibliográfica e documental, construída por meio de diálogo com os autores, verificação de documentos, registros oficiais, jornais, fotografia, leitura de imagem. A pesquisa se desdobra em três capítulos, evidenciando que o processo de formação de identidades (e de diferenças), que dividem o mundo social, está atrelado às representações que circundam os monumentos em questão, os quais revelam (e também escondem), anunciam (igualmente silenciam) memórias, lembranças (esquecimentos), emoções, em torno da história da colonização e do desenvolvimento de Chapecó. Entre outros aspectos, a pesquisa apontou que o desenvolvimento e o progresso de Chapecó são representados pela memória oficial, voltada para a visibilidade dos grandes feitos e heróis, deixando à margem diferentes atores e organizações: caboclos, indígenas, pequenos agricultores, mulheres, movimentos sociais, sindicatos. Todavia, a pesquisa desvelou também que a cidade, ligada à dinâmica local e global, se transformou. A Chapecó de hoje faz parte de uma realidade sociocultural híbrida – plural, contraditória, ambígua. Os monumentos, em meio às transformações da cidade, estão mais abertos à dinâmica urbana, possibilitando que a memória interaja com a mudança. Esse quadro aponta para a revitalização dos seus heróis, em meio à propaganda, ao trânsito, aos grafites, às manifestações políticas, à luta dos movimentos sociais que permanecem vivos apesar das contrariedades. Eleger os monumentos como objeto de estudo requer, portanto, problematizar representações sociais, verdades e projetos ali defendidos pelos diversos grupos, de acordo com seus ideais de sociedade, mais do que apreciar a obra em si mesma, por imponente e grandiosa que ela se apresente. Desse modo, a pesquisa, longe de tecer conclusões acerca do tema da memória e do patrimônio cultural material de Chapecó, abre perspectivas teóricas e políticas reveladoras, no sentido de permitir duvidar, perguntar, desconfiar do que é tomado como natural, dialogar, enfim, com as contradições do presente. O estudo, tanto mais provisório que conclusivo, é, assim, um convite à leitura sempre nova sobre o tema das memórias em suas vinculações como os monumentos e as representações de classe, gênero, etnia, entre outras marcas nesses espaços perpetuadas. A memória de Chapecó e os Monumentos O Desbravador e Chapecó 100 Anos são invenções históricas e culturais que sintetizam histórias de vida, cujos significados podem ser transformados, porque culturalmente construídos. |