As relações dialógicas em contos de Irene Lisboa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Dalagnol, Nara
Orientador(a): Gebra, Fernando de Moraes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
Departamento: Campus Chapecó
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/726
Resumo: Este trabalho tem por objetivo verificar o funcionamento das relações dialógicas entre alguns contos da escritora portuguesa Irene Lisboa (1892-1958) com as narrativas tradicionais, observando como apresenta algumas de suas personagens femininas nos contos analisados. Para tanto, são acionados os postulados de Mikhail Bakhtin, especialmente o de dialogismo, compreendido como as diferentes vozes que permeiam a construção discursiva. A leitura das estruturas dos contos de fadas construída por Bruno Bettelheim também é mobilizada para pensar a manutenção ou ressignificação dos sentidos anteriores nas narrativas de Lisboa. Já a carga semântica dos elementos simbólicos presentes na narrativa de Irene Lisboa é esclarecida por meio do Dicionário de Símbolos. Destarte, a partir do corpus de pesquisa, formado por seis contos de Irene Lisboa – três da obra Queres ouvir? Eu Conto – História para maiores e mais pequenos se entreterem e três da obra Uma mão cheia de nada, outra de coisa nenhuma – e da base teórica construímos um gesto interpretativo visando responder aos seguintes questionamentos: como as personagens femininas são construídas nos contos de Irene Lisboa? Quais vozes são acionadas a partir da leitura desses contos? A construção discursiva de Irene possui traços que remetem ao modelo de sociedade patriarcal? As personagens dos contos aderem ou não a esse modelo?. Com efeito, o exame da construção discursiva possibilita verificar que algumas personagens dos contos analisados rompem, em determinados momentos, com os modelos sociais do patriarcado de Portugal, a exemplo da protagonista de “Maria-a-Macha” e “A flauta mágica”. Todavia, acabam por aderir/retornar a esse parâmetro, exceto a protagonista do conto “Maria” que não adere ao modelo, e, por isso, é sancionada. Logo, a transformação em relação ao modelo patriarcal, geralmente, não é operada. Ainda, é possível observar que algumas personagens, além de passarem pelo processo de transformação em relação às fases da vida, são destituídas de beleza, diferenciando-se das protagonistas dos contos de fadas, descritas como exuberantes. Quanto às relações dialógicas, os contos estudados relacionam-se com os de fadas, em especial “Cinderela”.