Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Pierezan, Marisa Zamboni |
Orientador(a): |
Stübe, Angela Derlise |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Fronteira Sul
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
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Departamento: |
Campus Chapecó
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/3244
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Resumo: |
Esta dissertação visa compreender o imaginário na constituição do discurso analisando efeitos de sentidos produzidos sobre o sujeito indígena em documentos oficiais. Para tanto, o arquivo foi constituído pelo Parecer CNE/CEB nº 14, de 19 de setembro de 1999 e pela Resolução CEB nº 3, de 10 de novembro de 1999, que tratam das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Escolar Indígena. Os procedimentos metodológicos que nos orientaram a consecução do objetivo geral foram sustentados na descrição dos materiais que compõem o corpus; no exame das condições de produção dos documentos; na conceituação de imaginário articulando AD e psicanálise; na discussão das marcas do percurso da historicidade que constituem os documentos; na análise do discurso sobre e o funcionamento parafrástico presente nesse discurso na constituição do imaginário sobre o sujeito indígena; na interpretação das regularidades e dispersões do discurso oficial sobre o sujeito indígena e na problematização de que imaginário sobre o sujeito indígena é produzido nos documentos oficiais. Nossa hipótese de pesquisa era que a regularidade das marcas linguísticas que emergem no discurso sobre o sujeito indígena, ao repetir o passado para afirmar o presente, gerava uma tensão entre memória e atualidade, entre a constituição do imaginário sobre o sujeito indígena no passado e a constituição no presente. Assim, elaboramos a hipótese de que os esquemas interdiscursivos de repetibilidade (EIRs) – utilizados para refutar o passado e estabilizar o presente –, constantes no discurso sobre, ao criar um lugar para essa política e um lugar imaginário de sujeito indígena, produzem um espaço de tensão, gerando ressonâncias em relação ao imaginário e, consequentemente, em relação a constituição do sujeito indígena. Vale ressaltar que a perspectiva discursiva que adotamos é de orientação francesa em interface com a psicanálise, entendendo o sujeito como cindido, clivado e barrado pela linguagem e trabalha com efeitos de sentido, desvelando como o discurso e o sujeito são incompletos. A partir das análises e do trabalho com o conceito de imaginário compreendemos que no discurso do Estado há uma aproximação (imaginária) com um sujeito indígena (imaginário), produzindo, pelo efeito do imaginário, diversas imagens mescladas e fazendo com que o sujeito indígena não tenha um lugar, mas muitos. O real da língua, o real da história e o real do sujeito desvelaram que foi pelo imaginário que se constituiu um sujeito indígena que é uma mistura indefinida, um “entre”, um “pertence/não/pertence”. Dessa forma, entre o mesmo e o diferente, entre o velho e o novo, entre a sua língua e a língua nacional, entre culturas, entre relações, entre imposições. Os documentos produzem um imaginário sobre o sujeito indígena que não é um, nem outro; não é igual, nem diferente. Não é sujeito indígena, mas também não é sujeito não-indígena. Um sujeito que está, desde a colonização, em um eterno processo de conversão, pois que passado foi convertido à igreja, e no presente está sendo convertido a homem pleno. E, se não pleno, não digno. |