Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Faxina, João Marcelo |
Orientador(a): |
Butturi Junior, Atilio |
Banca de defesa: |
Butturi Junior, Atilio,
Souza, Fábio Francisco Feltrin de,
Silva, Fabio Luiz Lopes da |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal da Fronteira Sul
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas
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Departamento: |
Campus Erechim
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/2397
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Resumo: |
Através de uma mirada arqueogenealógica, nesta dissertação investigo os discursos que circulam sobre o corpo, sobretudo no que se refere a concepções de saúde e normalidade correntes, em grupos vinculados ao Vida e Saúde, programa que integra uma política pública voltada a pessoas lidas com sobrepeso e obesidade em Erechim, município localizado na região norte do Estado do Rio Grande do Sul. A partir da pesquisa de campo em dois locais vinculados ao programa (Secretaria Municipal de Saúde e Centro de Atenção Psicossocial II), o objetivo desta pesquisa foi identificar que discurso de corporeidade é retomado, reescrito e produzido por este dispositivo. Para tanto, utilizei uma metodologia mista, composta por duas etapas: uma documental e outra de campo. Na parte documental, foram solicitados alguns dados sociodemográficos à coordenação do Vida e Saúde. Já a etapa de campo envolveu a observação não participante e a realização de grupos focais com integrantes do programa e de entrevistas semi-estruturadas com as profissionais envolvidas em sua condução, uma nutricionista e uma psicóloga. A partir da análise documental e de campo, o estudo permitiu reconhecer que marcadores como o gênero, a idade, o (des)emprego e a condição clínica dos participantes do programa desempenham a função de tecnologias biopolíticas de captura ao precarizar sua autonomia e facilitar sua apreensão por parte desse dispositivo. O funcionamento interseccional dessas tecnologias sociais acarreta, ao cabo, a constituição de um grupo formado predominantemente por mulheres que possuem mais de cinquenta anos e que se encontram distantes de relações formais de trabalho. É também característico aos participantes o diagnóstico concomitante de várias enfermidades e sua passagem por outros dispositivos de saúde do município, onde são apreendidos igualmente em razão de sua condição clínica. Esse fenômeno torna possível o surgimento de processos de doentização em que diagnósticos múltiplos são atribuídos a sujeitos cada vez mais doentizados por categorias com grande potencial performativo. Já em relação aos discursos e práticas das profissionais, além tratar o excesso de peso através da hibridização de aspectos nutricionais com psicológicos, ativando os domínios orgânico e mental que historicamente têm sustentando a experiência contemporânea da obesidade, reiteram classificações do normal e do patológico, cumprindo a função estratégica de fazer funcionar tais processos de doentização localmente e de produzir anormalidade em relação aos parâmetros de saúde. Essa, se aqui existe, parece ser muito mais em decorrência de seu aspecto relacional com a doença e seu universo do que como um estado fabricável a partir do trabalho disciplinar e biopolítico do dispositivo em questão. |