'Me tocou virar tudo': cicatrizes discursivas em descendentes de imigrantes italianos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Tibolla, Flávia Rosane Camillo
Orientador(a): Stübe, Angela Derlise
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
Departamento: Campus Chapecó
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://localhost:443/handle/prefix/84
Resumo: Esta pesquisa analisa por meio de narrativas pessoais, pelos traços de memória, cicatrizes discursivas decorrentes dos processos de identificação e interdição na constituição linguística de descendentes de imigrantes italianos. A partir do aporte teórico da Análise de Discurso (AD) de linha francesa, problematizamos a relação sujeito, língua, memória discursiva e historicidade. O corpus de análise foi constituído a partir de entrevistas semiestruturadas com descendentes de imigrantes italianos de diferentes faixas etárias residentes no município de Concórdia – SC. Por meio das entrevistas, esses enunciadores, (re)velaram cicatrizes da língua italiana enquanto elemento constitutivo de suas identificações à língua, o que nos possibilitou inferir que a constituição do sujeito é atravessada pela língua. Partindo do pressuposto de que toda relação linguística é uma relação de entre-línguas nossa hipótese de que os descendentes de imigrantes italianos apresentavam em suas narrativas pessoais marcas de interdição e silenciamento da língua de imigração, se sustentou, pois entendemos pelo referencial teórico e pelo gesto analítico que toda relação de ser-estar-entre-línguas cria para o sujeito um lugar discursivo tênue e repleto de tensões, um lugar no qual se realizam momentos de identificação pela inscrição nas fronteiras porosas da linguagem. Entre os traços identificatórios analisados compreendemos que a interdição e, antagonicamente, o funcionamento da língua de imigração sobressaíram-se nesse gesto de interpretação. Dessa forma podemos destacar que na constituição linguística dos descendentes de imigrantes italianos há marcas da língua italiana que não foram apagadas, tornaram-se cicatrizes que significam e se atualizam na enunciação.