Identificação dos efeitos toxicológicos da coexposição de nanopartículas de prata e glifosato para o microcrustáceo Daphnia magna

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Marlon Luiz Neves da
Orientador(a): Matias, William Gerson
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/3687
Resumo: O glifosato (Gly) e as nanopartículas metálicas estão coexistindo no ambiente devido à sua demanda e uso na agricultura e nas indústrias. No entanto, os efeitos dessas combinações no ambiente e na biota não são totalmente compreendidos. O objetivo deste trabalho foi identificar os possíveis efeitos toxicológicos em níveis agudos, bem como, em níveis crônicos multigeracionais da mistura binária (MR) de nanopartículas de prata (AgNP) com glifosato (Gly) em D. magna. A metodologia de Abbott foi utilizada na análise das possíveis interações agudas. O estresse oxidativo induzido pela MR de AgNP/Gly, em termos de Unidade Tóxica (UT), foi avaliado para o nível de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs) e MDA. Foi avaliada também a atividade das enzimas antioxidantes Catalase (CAT), Superóxido Dismutase (SOD) e Glutationa (GSH) em 0, 1,5, 1 e 1,75 UT. Nos testes crônicos foram avaliados, após 21 dias, os parâmetros de sobrevivência, crescimento, reprodução e idade da primeira ninhada, para os indivíduos parentais, e descendentes expostos (F1E) e não expostos (recuperação) (F1NE). Já para os indivíduos tratados com a MR, os contaminantes testados individualmente foram utilizados em suas maiores e menores concentrações dos crônicos individuais. A MR de AgNP/Gly, em nível agudo, apresentou efeito antagônico em 1, 1,5 e 1,75 UT e efeito aditivo em 0,25, 0,50 e 2 UT, resultados possivelmente associados à complexação da AgNP pelo Gly. Houve desregulação dos biomarcadores bioquímicos relacionados ao sistema de defesa antioxidante nas D. magna expostas aos tratamentos, cujas enzimas antioxidantes avaliadas CAT, SOD e GSH não foram capazes de modular a produção de EROs, resultando em estresse oxidativo e danos por peroxidação lipídica. Efeitos crônicos multigeracionais referentes aos parâmetros reprodução e idade da primeira ninhada foram observados nos descendentes dos compostos individuais, não havendo recuperação para F1E e F1NE. Nos organismos expostos a MR, ocorreu alteração relevante na idade da primeira ninhada, com atraso em todos os tratamentos para F1E e F1NE. Houve alteração significativa (p <0,05) no parâmetro reprodução, com forte redução para os parentais, F1E e F1NE, indicando uma maior toxicidade do que os compostos isoladamente, sendo cumulativa e prejudicial ao equilíbrio ambiental com o tempo. Embora os resultados nos ensaios agudos não tenham fornecido evidências claras acerca da interação entre AgNP e Gly, os ensaios crônicos multigeracionais com MR resultaram em uma toxicidade combinada inesperada em relação aos tratamentos individuais, o que gera uma preocupação para esta coexposição em outros cenários. Portanto, apesar do tempo de exposição e dose serem variáveis a serem consideradas, o modo de ação das misturas nos organismos ainda carece de respostas. Contudo, este estudo traz resultados relevantes para futuras pesquisas.