Educação escolar e o desenvolvimento de funções mentais superiores na criança: atenção voluntária

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Zamoner, Angela
Orientador(a): Alves, Solange Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Campus Chapecó
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/718
Resumo: Com base nos pressupostos teóricos de Lev Semenovitch Vigotski e Alexander Romanovich Luria sobre a transformação de funções mentais elementares em funções mentais superiores no percurso histórico-genético do desenvolvimento humano e do papel da internalização simbólica no funcionamento cerebral e constituição da atividade mental complexa na criança, este trabalho procura identificar como a escola, ao criar novos dispositivos simbólicos orientadores do comportamento e pensamento da criança, potencializa a conversão da atenção natural em atenção voluntária/arbitrária. Fundamentando-se nas premissas epistemológicas de que a cultura fornece mecanismos artificiais (simbólicos) que reorganizam os processos neurofisiológicos do sistema nervoso central da criança, fazendo com que ela desenvolva comportamentos arbitrários, intencionais e planejados e de que a educação escolar (prática sociocultural) possui um papel central na conversão de comportamentos reflexos e involuntários em comportamentos conscientes e voluntários, devido à modificação substancial da relação entre cérebro e regulação da atividade em decorrência da utilização de dispositivos simbólicos, procura-se captar, no movimento dialético e semiótico do ensino e aprendizagem escolar, a existência de indícios que possibilitem inferir que os mecanismos mentais de atenção natural (não intencional e não volitiva) estão se transformando/convertendo-se em atenção voluntária/arbitrária devido à ação de sistemas simbólicos, de mecanismos artificiais (signos) no funcionamento cerebral da criança. Para isso, delimitou-se como hipótese desta investigação que esses estímulos culturais reorganizam os processos cognitivos da criança, dando origem a comportamentos organizados, intencionais, conscientes, autorregulados e volitivos. A partir de uma investigação realizada numa turma de 1º ano do ensino fundamental de uma escola pública estadual, localizada no município de Chapecó-SC, constatou-se empiricamente que, de fato, tal hipótese se confirma, pois os indícios captados revelaram que o uso de signos reorganiza e complexifica o pensamento e comportamento da criança, tornando-os regulados e volitivos. Este processo de constituição da atividade mediada na sala de aula evidenciou que ao utilizar dispositivos artificiais/culturais para executar tarefas escolares, a criança desenvolve um conjunto de funções mentais superiores de forma articulada, dentre elas, a atenção voluntária. Conclui-se que a educação escolar, ao fornecer elementos mediadores que devem ser incorporados à atividade intelectual da criança, amplia sua capacidade de atenção, possibilitando a ela ter maior controle volitivo da sua própria atividade mental. Ao trabalhar com complexos dispositivos artificiais (culturais), a escola desenvolve uma prática social que requer das crianças o desenvolvimento de processos mentais inteiramente novos e complexos. Portanto, verificou-se que a atenção voluntária não é de origem biológica, mas, um ato social mediado culturalmente pela educação escolar.