O trabalho dos catadores de materiais recicláveis e sua tessitura na relação com o espaço: um estudo na cidade de Erechim (RS)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Basso, Cheila
Orientador(a): Silva, Ivone Maria Mendes
Banca de defesa: Zanin, Nauíra Zanardo, Brzozowisk, Jerzy
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Fronteira Sul
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas
Departamento: Campus Erechim
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/3995
Resumo: Essa proposta de pesquisa se dedicou a pensar acerca das condições de vida e trabalho dos catadores de materiais recicláveis associados da Arcan na cidade de Erechim/RS. Para tanto, estivemos atentas às significações produzidas por esses sujeitos a partir das apropriações que fazem do espaço de trabalho e da relação que nutrem com o seu trabalho, considerando que esses processos contribuem para a construção dos saberes que sustentam acerca de si mesmos e da realidade social. Tendo em vista os propósitos desta pesquisa, optamos por uma metodologia de caráter qualitativa. A etapa empírica se desenvolveu apoiada na observação participante com aplicação de um questionário sociodemográfico, produção de registros fotográficos por parte dos sujeitos de pesquisa, orientados por questões norteadoras e grupo focal. O estudo dos dados produzidos se efetuou na análise de conteúdo, inspirada na técnica de Bardin (2011) e, nesse viés, emergiram duas categorias temáticas: espaço de trabalho e sentidos do trabalho. Nesta perspectiva, observamos que, por meio do trabalho e das interações sociais dadas no pavilhão da Arcan, como as formas de organizar o espaço, esses sujeitos deixam nele suas marcas, transformando-o. Mesmo esse espaço de trabalho sendo carregado de desafios existem possibilidades de seus usuários criarem seus próprios espaços, com suas marcas e sinais de pertencimento/identidade. Concebemos assim, a existência de microterritórios dentro da própria Arcan, com fronteiras tecidas de modo fluido, o que permite trocas, passagens e compartilhamentos entre os indivíduos que por eles circulam. É presente uma divisão geracional no grupo de participantes, o que influencia diretamente nos sentidos empreendidos por estes sujeitos com relação ao seu trabalho: ao passo que os mais jovens possuem perspectivas de mudanças e enxergam sua ocupação pelo viés da provisoriedade, o grupo dos mais experientes exprime sentidos voltados para a realização, pertencimento e reconhecimento social. O grupo interpreta sua atividade laboral como provedora de sobrevivência e sustento, projetando uma ocupação digna. Além disso, é presente a perspectiva ambiental, tendo em vista que estes veem seu trabalho com papel indispensável para a preservação do planeta. Entre os mais jovens foi possível identificar o sentimento de vergonha ao declarar-se catador ou catadora, o que nos faz pensar que os trabalhadores mais experientes já tiveram a oportunidade de construir e reconstruir os sentidos do seu trabalho, conferindo a eles o sentido de auto realização. Evidenciamos ainda as condições insalubres de trabalho destes sujeitos, considerando que estão vulneráveis aos mais diversos riscos na manipulação dos materiais e a simples permanência no local, o que caracteriza aspectos das negatividades desta ocupação. Já as positividades estão ligadas, dentre outros aspectos, à transformação que estes atores operam em algo que a sociedade classifica como lixo para algo que vem a configurar sua fonte de sobrevivência. Este pode ser entendido como um dos sentidos do trabalho, capaz de gerar gratificação e reconhecimento e certa identificação.