Os Senhores das Dunas e os Adventícios D‘Além-Mar: primeiros contatos, tentativas de colonização e autonomia Tremembé na Costa Leste-Oeste (séculos XVI e XVII)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Borges, Jóina Freitas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Niterói
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/16847
Resumo: Este trabalho, através de uma perspectiva interdisciplinar, que se propõe a agregar as novas tendências teóricas e conceituais da história, da antropologia e da arqueologia, visa analisar os primeiros duzentos anos de contatos entre os indígenas e os europeus na costa norte brasileira, chamada, nos séculos XVI e XVII, de Costa Leste-Oeste. A Costa Leste-Oeste era habitada por povos pescadores-coletores-caçadores há milênios. Em janeiro do ano de 1500, no contexto dos descobrimentos espanhóis na América, os navegadores Vicente Yañez Pinzón e Diego de Lepe fizeram uma aportada no litoral do Ceará, e percorreram a costa até o rio Amazonas. Desde então, a Costa Leste-Oeste passou a ser frequentada com certa assiduidade pelos europeus. A partir destes "descobrimentos", ocorreram contatos, conflitos e negociações com os nativos da costa. Após alguns anos, com a doação das Capitanias Hereditárias no Brasil, houve, por pelo menos três vezes no século XVI, tentativas portuguesas de colonização, as quais foram frustradas. Um dos principais elementos a que é atribuído o fracasso dos colonizadores portugueses, é a atuação histórica dos indígenas que viviam na costa e regiões adjacentes, os quais eram conhecidos, genericamente, pelo termo "tapuias", e que não colaboraram na instalação dos núcleos coloniais. Tal proposição firma-se a partir da análise dos documentos do século XVII, através dos quais foi possível perceber que sem a colaboração indígena era quase impossível, aos adventícios, a concretização da colonização da Costa Leste-Oeste. Nos anos Seiscentos, portugueses, franceses e holandeses tentaram estabelecer guarnições, para efetivar núcleos colonizadores entre as praias do litoral ocidental do Ceará e oriental do Maranhão, porém, não conseguiram manter-se por muito tempo no território que ainda era dominado pelos índios tremembés. Estes índios, por sua vez, realizando o comércio de mercadorias tais como âmbar-gris, pau-violeta e até escravos, com diferentes estrangeiros que frequentavam suas praias, conseguiram permanecer na "zona fronteiriça" (Boccara, 2005) do processo de colonização, negociando nessa parte da Costa Leste-Oeste, até o final do século XVII, ainda com bastante autonomia sobre seu território.