Para ler a América Latina: Tad Szulc, as relações interamericanas e a política externa dos Estados Unidos (1955-1965)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Saraiva, João Gilberto Neves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28269
Resumo: Esta pesquisa examina os escritos e a atuação de Tad Szulc (1926-2001) nas relações interamericanas do pós-Guerra. Ele foi um intelectual estadunidense relevante para as relações interamericanas da segunda metade do século XX. Foi um profissional da imprensa vinculado ao The New York Times. Realizou uma cobertura jornalística itinerante que cruzou a América escrevendo sobre temas-chave da política à época: desenvolvimento; nacionalismo e comunismo. Dialogou com chefes de estado, burocratas e intelectuais, e atuou junto a iniciativas estatais e privadas de todo o continente, incluindo governos, grandes empresas e serviços de inteligência. O trabalho suas matérias jornalísticas e livros publicados entre setembro de 1955 e maio de 1965. Examina as análises sociopolíticas que o jornalista formulou da região e da política externa dos Estados Unidos, pari passo sua trajetória junto a instituições privadas, administrações e agências governamentais nos Estados Unidos e América Latina. Nesse período, Szulc escreveu mais de mil e quinhentas reportagens, artigos, resenhas e relatos de viagens e lançou cinco livros sobre a América Latina. Essas publicações são as fontes centrais da pesquisa. Além delas, este trabalho perscruta um rol de jornais de época, despachos diplomáticos, relatórios de inteligência, discursos oficiais e livros de memórias. Esta pesquisa investiga o papel da correspondência internacional dos Estados Unidos para as relações interamericanas do pós-Guerra. Ela mobiliza interpretações historiográficas recorrentes para essa questão de que os correspondentes são: intérpretes da realidade latino-americana; críticos da política interna e externa; tentáculos do poder político, militar e econômico estadunidense; corpos avançados de governos e interesses latinoamericanos. Defende a tese que todos esses papéis são simultâneos na figura de um intelectual mediador com interesses próprios. Para tal, examina a atuação de Tad Szulc em relação à política externa dos Estados Unidos para a América Latina em tempos de Guerra Fria. Suas posições pendulares de apoio e crítica às iniciativas das administrações de Dwight Eisenhower, John F. Kennedy e Lyndon Johnson na região. Analisa interpretações da América Latina em diálogo com proposições intelectuais estadunidenses e latino-americanas. O trabalho esquadrinha a trajetória intelectual e profissional desse jornalista liberal inquirindo seus vínculos com círculos midiáticos, políticos, diplomáticas e empresariais. Examina seus textos e imagens apresentando uma América Latina em franco processo de desenvolvimento ante seus elos com governos latino-americanos e com a política externa estadunidense de apoio científico, tecnológico e financeiro a região. Analisa sua apresentação de uma América Latina que se liberta das ditaduras desde o fim da Segunda Guerra e sua crítica ao nacionalismo latino-americano e ao apoio da administração de Eisenhower a ditadores em nome do anticomunismo. Esquadrinha sua aproximação das leituras modernizadoras da administração Kennedy de que a América Latina estava à beira de uma revolução social por conta de seus profundos problemas sociais. Perscruta seu combate a Revolução Cubana em textos e ações junto a contrarrevolucionários cubanos, a Casa Branca e a CIA. Analisa as contradições do seu endosso à política de Johnson de apoio a ditaduras da América Latina como forma de garantir regimes anticomunistas e os lucros das empresas estadunidenses.