Noticiários de guerra : a "construção" do discurso de guerra a partir das operações de ocupação de 2010 nos Complexos da Penha e do Alemão
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://app.uff.br/riuff/handle/1/24984 http://dx.doi.org/10.22409/PPGEST.2021.m.05762683729 |
Resumo: | O narcotráfico sendo um crime de ordem transnacional, com maior destaque na América do Sul, passou a despontar no Brasil, em específico no Rio de Janeiro, no decorrer da década de 1970. Contudo, o seu crescimento e consolidação ocorrem nas décadas posteriores. Esta inserção representou uma deterioração no quadro da segurança pública do RJ. O aumento da criminalidade e da violência alcançou números superiores em comparação ao Estado, refletindo a crise da segurança pública. A partir disto, os traficantes se tornaram o inimigo interno a ser combatido. Tal fato passou a ser explorado pelos atores políticos e os meios de comunicação. A intensificação dos conflitos entre as forças de segurança e as facções entram no cotidiano do carioca. A percepção que o poder público e a mídia transmitem, a população, era do estado se encontrar em um ambiente condizente a uma guerra. Este problema se agrava devido aos narcotraficantes buscarem refúgios nas favelas, por serem localidades de difícil acesso e fáceis de defender. As favelas foram ratificadas e retratadas como locus da violência e sob domínio dos grupos narcotraficantes, porém nesta ocasião agregou-se o discurso de guerra e reativou preconceitos de raça e classe contra o negro, pobre e favelado. A retórica de guerra passa a ser difundida pelas mídias e a integrar os pronunciamentos do poder público. O envolvimento de forças federais e a militarização da segurança pública se tornou cada vez mais constante com o objetivo de contrapor o narcotráfico. Os megaeventos que o Brasil e o RJ iriam sediar promoveu em 2008 um nova política de segurança para lidar com o narcotráfico. As Unidades de Polícia Pacificadora, como projeto, investiu em uma nova abordagem que envolviam uma polícia de proximidade, baseada nos direitos humanos e equiparada as pacificações de Rondon. O projeto inicialmente foi bem sucedido, entretanto a perda territorial e financeira das fações do narcotráfico provocou uma reação divergente destes atores. No final de novembro de 2010, ataques em série passam a ocorrer no Rio em represália as UPPs. O poder público respondeu, a estas agressões, com operações de ocupação nos Complexos da Penha e do Alemão que acabaram por recorrer aos discursos e práticas ostensivas e na defesa da gestão militarizada das favelas. O jornal O Globo por meio de seu Caderno Especial – A Guerra do Rio – noticiou as operações e replicou o discurso de guerra do poder público. Visando compreender a representação do discurso de guerra, a presente dissertação tem como objetivo geral analisar o caderno especial do jornal O Globo na cobertura na ocupação dos Complexos e o papel deste discurso na segurança pública. Parte-se do pressuposto que o discurso empregado no “A Guerra do Rio” investiu na retórica militarista tratando da presença das forças federais e estaduais procurando construir uma verdade sobre a “pacificação” das favelas que justificaria a execução de práticas extraordinárias como violência e militarização. Para o desenvolvimento do tema e alcançar os objetivos pretendidos neste trabalho utilizaremos a Teoria da Securitização e a Análise do Discurso como arcabouço teórico-metodológico. |