Nosso marco é ancestral: a comunicação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) contra a tese do Marco Temporal (2019-2022)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Encarnação, Paulo Maurício Schueler da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/35993
Resumo: Este trabalho investiga estratégias de comunicação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) contra a tese jurídica do Marco Temporal que ganhou força durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022). Essa tese estipula que as demarcações de terras indígenas no país devem se restringir a territórios ocupados pelos indígenas em 1988, ano da promulgação da Constituição. Partindo da análise dos vídeos da APIB sobre o tema em seu canal no Youtube, busca-se avaliar como o movimento indígena se posicionou publicamente para se opor ao Marco Temporal. Adota-se como premissa a proposição de que a luta por terra, no caso dos indígenas, deve incorporar o debate sobre a ancestralidade desses povos, reconhecendo que sua relação com a terra não é de posse, mas de pertencimento para além do tempo da própria vida. A reciprocidade em relação ao meio ambiente defendida pelos indígenas mostra-se, além disso, necessária e significativa em tempos de aquecimento climático e depredação de territórios no chamado Antropoceno. A recente tentativa de estabelecer uma data arbitrária para a demarcação de todos os territórios indígenas no país evidencia justamente (e no mínimo) uma incompreensão e um desrespeito acerca da peculiaridade cultural desses povos, mais um capítulo na marcha destrutiva de nosso meio ambiente e diversidade cultural. A reivindicação do movimento indígena vai além da “luta pela terra” e seu sentido está fundamentado nas historicidades indígenas. Define-se a forma de comunicação da APIB como “etnomídia”, reconhecendo a particularidade cultural daqueles que representa. Após a análise de conteúdo dos vídeos, chegou-se à conclusão de que o resultado obtido na comunicação, entretanto, nem sempre alcança os objetivos almejados pelo movimento indígena.