Afetos para além dos circuitos: uma etnografia sobre jogos eróticos de poder e prazer e suas trajetórias conectadas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Santos, Raíra Bohrer dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/34452
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo compreender corporeidades e eroticidades na prática BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo, Masoquismo) conectada a um circuito que perpassa ambientes de realidades materiais entre internet e cidade. Ao seguir sujeitos humanos e não-humanos desse circuito, em busca de compreender corpos e práticas eróticas pertinentes aos jogos eróticos de poder e prazer, deparei-me com coletivos de sujeitos praticantes de BDSM conformando uma comunidade que busca manter a autogestão articulando estrategicamente denúncias, mentorias e ambientes de ensino online para iniciantes. Para além da rede social FetLife, que reúne a comunidade e lhes serve como uma identidade digna de reputação no meio BDSM, os adeptos habitam outras plataformas, como Instagram, Facebook, Yoble, grupos no mensageiro Whatsapp, entre outras, nas quais estabelecem seus modos de vida, em processos de adaptação às arquiteturas e moralidades das plataformas. Enquanto uma comunidade moral, em conformação com moralidades das plataformas, os grupos passam a identificar em outros usuários o inimigo das redes sociais: o usuário fake. Durante a pesquisa, acompanhei o desenvolvimento de praticantes que, ao serem aceitos em grupos já estabelecidos, passam a ter reconhecimento e possibilidade de atualizar seus perfis de acordo com o que lhes é esperado em cada ambiente, por vezes mantendo sua discrição sobre identidade civil e fotografias de si, mas adquirindo confiança e reputação no meio. Nesse sentido, analisei diferentes apresentações e produções de sujeitos BDSM, a partir de ferramentas e objetos digitais e analógicos, a fim de perceber apresentações de si nas práticas online-offline. Compreendi que o digital transpassa todos os corpos em incorporações e corporificações cotidianas, desde aqueles que praticam online até aqueles que dizem não ser possível a prática online nos jogos eróticos BDSM. Em seu cotidiano de brincadeiras e jogos online em práticas eróticas hierárquicas, apresentam corpos híbridos, ciborgues tecnovivos feitos por objetos de prazer digitais, plásticos e metálicos, desdobrando-se em múltiplos corpos em movimentos de continuidade e descontinuidade entre diferentes conexões, traduções, relações e erotismos, a partir dos quais estabelecem novos jogos hierárquicos e outras formas de praticar BDSM.