Desdobramentos do fazer-mundo ou a roça do poema: práticas, métodos, cosmogonias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Figueiredo, Bruna Freitas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://app.uff.br/riuff/handle/1/27554
Resumo: Neste trabalho, proponho uma leitura em torno dos processos de fazer-mundo a partir de um diálogo com o livro Roça barroca (2011), da poeta e tradutora Josely Vianna Baptista. Fazer- mundo: o arranjar dos elementos e, portanto, a instauração de um cosmos que não preexiste, mas que se faz existir. Diante disso, mostrou-se necessário considerar a dimensão processual que perpassa diferentes práticas: artística, de escrita, científica, etnográfica, cosmológica etc. Já o significante “barroco” emerge, nesse contexto, enquanto “máquina de leitura”, que percebe a cosmogonia como constante recomeço, recolocando, passo após passo, suas condições de possibilidade. Por esse viés, a reflexão proposta estaria, também, na estrutura da dissertação, seria imanente a ela – o caminho da pesquisa e o processo de escrita mostram-se indissociáveis da discussão, visto que importava um olhar para o como, para os métodos de feitura que estavam em jogo, bem como para o papel da interferência da subjetividade da pesquisadora na relação dialógica com a obra e no consequente processo de produção de conhecimento. Com o objetivo de desenvolver uma leitura “com” e não sobre Roça barroca, a abordagem se pautou na inserção do livro em uma rede de questões e interesses mais ampla, de modo que a revisão bibliográfica acerca da produção da poeta esteve inserida nos diálogos promovidos através de uma dinâmica de aproximação e afastamento do livro. Nesse sentido, em consonância com a compreensão da linguagem como relevo do processo reflexivo (ou seja, a própria construção do trabalho), a dissertação se encontra estruturada a partir das vinhetas que organizam Roça Barroca, o que justifica a existência de uma divisão em três partes e não em capítulos. Desde a vinheta “o ouro/o outro”, o meu interesse é discutir ecos e ressonâncias das políticas coloniais, presentes no livro de Josely Vianna, enquanto parte de uma imaginação extrativista fundada sobre o esgotamento e a interrupção dos fluxos de vida. Essa abordagem vai ao encontro do debate em torno da ideia de natureza que vem a endossar um imaginário naturalizado/cristalizado das terras e das gentes. Na vinheta “a foz do rio”, exploro o dinamismo no gesto da fabricação, as mãos mediadoras que põem em relevo o âmbito da relação antes que uma perspectiva integracionista; o que faz ressoar a vinheta que abre a presente dissertação, “nenhum gesto”, e os dilemas de se pensar a cultura, desde o Brasil e da América latina, sob os signos da mestiçagem e do sincretismo enquanto apaziguadores das relações raciais e seus conflitos.